Aldo Andretta, OBEGEF

Como se sentir seguro se o local mais visitado do mundo é assaltado em plena luz do dia? Como se sentir seguro se, ao fazermos uma compra online, podemos estar sendo enganados? Quer seja no mundo físico, quer seja no mundo virtual, mais do que estar seguro, é ter a sensação de segurança e confiança sobre onde estamos. E, neste mundo tão volátil, como se posicionar diante desse dilema?

O que é estar seguro nos dias hoje?

Dias atrás, eu refletia sobre como explicar que a velocidade, o poder de organização, planejamento, execução e sofisticação dos criminosos é tão grande que, por mais que se invista em recursos de segurança, nunca estaremos 100% protegidos. E como explicar isso para quem espera soluções definitivas, a famosa “bala de prata”, para determinados tipos de fraudes ou crimes?

Parece uma tarefa relativamente simples, se levarmos em conta a realidade do setor financeiro, em que bancos investem bilhões de reais, euros e dólares em proteção. Mas, quando olhamos para outros setores, onde as margens de lucro são apertadas, essa justificativa já não se sustenta.

Levantar muros, na maioria das vezes, traz resultados em relação a perdas, mas também causa prejuízos nas vendas. Colocar “lombadas” na estrada, muitas vezes, é a solução que equilibra proteção e desempenho comercial. O problema é: por quanto tempo elas serão eficazes e quantas outras teremos de instalar para garantir o aspecto de segurança?

E é aqui que alguns fatos — por mais infelizes que sejam — ajudam a ilustrar esse dilema. Estou falando do assalto ao Louvre!
 Por protocolo, o museu adota rígidos padrões de segurança, com agentes e tecnologia atuando simultaneamente. Nada disso foi suficiente para conter dois homens que, em poucos minutos, invadiram o prédio, adentraram o local-alvo e levaram joias raríssimas e de valor inestimável.
 Falha na segurança? Conivência interna? Sorte dos ladrões? Tudo isso a polícia francesa responderá. Mas arrisco dizer: não foi sorte. Certamente não eram apenas dois ladrões. Provavelmente havia outras pessoas dando cobertura ou participando do planejamento.

E o que isso tem em comum com os crimes digitais? Tudo!
 O planejamento desse crime não aconteceu na noite anterior. Foi fruto de muito estudo: compreender como funcionava o museu, seus sistemas de segurança, quais os dias e horários mais propícios à invasão, a rota de fuga, os equipamentos a usar, o que roubar e para quem repassar.

E o que isso tem a ver com a percepção de segurança? Também tudo!
Nos próximos dias e meses, quem se sentirá seguro dentro do museu? Será que um novo assalto pode acontecer? Será que haverá violência, da próxima vez?

E, para não dizer que esse fenômeno se restringe a outros países, por aqui nem confraternizar está seguro: temos bebidas adulteradas com metanol, que, se não levam à morte, causam sérios problemas de saúde.

Se juntarmos todos esses aspectos em um só pacote, “vender” segurança não pode se basear em crenças ilusórias de que os protocolos (físicos ou digitais) são suficientes para garantir não apenas a efetividade, mas também a percepção de segurança.

E é aqui que moram as principais características dos profissionais da área: ser criativo, utilizando ferramentas internas e monitoramentos que minimizem o impacto das perdas.
 Outra característica indispensável é a visão crítica, apontando riscos existentes em cada jornada analisada.
 E, ainda — sem esgotar o tema —, é essencial o estudo diário, pois a cada minuto os métodos de atuação dos criminosos mudam. Em um piscar de olhos, estamos desatualizados.

Isso porque, para lidar com segurança atualmente, é preciso considerar que o crime é mutável, móvel e veloz, com brechas que se abrem e se fecham o tempo todo. E, se já estamos preocupados agora, imagine quando tudo isso for potencializado pela Inteligência Artificial.

E, respondendo à pergunta inicial — o que é estar seguro nos dias de hoje? — acredito que é ter o poder de se informar corretamente e estar atento aos detalhes nas relações que mantemos com pessoas e instituições. É treinar a mente para gerar os “alertas de perigo” quando eles surgirem.
Afinal, se vivermos preocupados e desconfiados o tempo todo, nossas relações humanas estarão em perigo. E não é isso que queremos. Queremos viver em paz, cultivar bons relacionamentos, divertir-nos — é tudo o que desejamos em nossas vidas!

Espero ter dado mais um contributo!