Edgar Pimenta, OBEGEF
As ofertas de emprego via SMS, WhatApp e Instagram são cada vez mais frequentes. Mas o que se esconde atrás dessas ofertas?
Imagine que está tranquilamente em casa, a navegar pela internet, quando de repente aparece aquela oferta de emprego perfeita. Salário acima da média, benefícios invejáveis, e a melhor parte: pode trabalhar de pijama, no conforto do lar. Quem não sonha com uma oportunidade assim? Mas, como diz o velho ditado, "quando a esmola é muita, o santo desconfia". Ou pelo menos deveria.
As falsas ofertas de emprego tornaram-se recentemente uma das armadilhas mais comuns nas redes sociais, atraindo pessoas com promessas que parecem demasiado boas para serem verdade. E o truque está exatamente aí: é tudo falso. Mas como funciona este esquema, e porque tantos de nós continuam a cair nele?
O modus operandi é relativamente simples. Começa com um anúncio irresistível publicado em plataformas de emprego legítimas ou nas redes sociais (WhatsApp, Instagram,Facebook, etc..). O anúncio ou a mensagem podem prometer rendimentos apelativos ou benefícios acima do normal. Quando um candidato morder o isco e enviar o seu currículo, o jogo começa!
Os resultados podem ser distintos.
Podem pedir-lhe uma taxa "administrativa" para processamento da candidatura. Se calhar vai achar estranho mas eles dirão que é para garantir que existe mesmo interesse na candidatura já que recebem milhares de currículos e que depois é devolvido. Se calhar faz sentido, pensamos nós, já fisgados.
Num outro cenário, o processo pode ser mais normal e culminar com um “emprego” onde lhe darão tarefas relativamente simples e bem remuneradas. E até já recebeu algum dinheiro!! Afinal era mesmo real!! Não… era só um engodo pois ficará a saber que para aceder a outro tipo de tarefas bem mais remuneradas terá que pagar uma formação, uma taxa, qualquer coisa…. Mas já bem fisgados, acreditamos. Claro que feito esse pagamento adicional, deixa de haver qualquer tipo de novos recebimentos e tudo desaparece.
Mas por que razão tantas pessoas caem nestas armadilhas? A resposta está na nossa própria natureza humana. Tendemos a confiar, especialmente quando acreditamos que algo pode ser bom para nós. A esperança de uma vida melhor, um emprego mais confortável, ou apenas uma solução rápida para as nossas dificuldades financeiras, torna-nos vulneráveis. E é essa esperança que os cibercriminosos exploram tão bem.
O problema não é sermos ingénuos, mas sim como a nossa confiança natural é manipulada. Quando nos sentimos atraídos por uma oportunidade, a nossa desconfiança natural baixa a guarda. Até porque a percepção é que só temos a ganhar!! E a pressa em agarrar a "oportunidade" faz com que ignoremos sinais de alerta evidentes.
Claro que, em nossa defesa, o ambiente digital em que vivemos hoje está repleto de ofertas reais que parecem boas demais para serem verdade, e que são, de facto, legítimas. Afinal, quem nunca aceitou uma promoção online com um desconto incrível? Mas é aí que reside a dificuldade: distinguir a realidade da ilusão. E numa era em que tudo é cada vez mais desmaterializado e digital (compras, ofertas de emprego, relação com o estado), a "literacia digital" tornou-se mais importante do que nunca.
Portanto, da próxima vez que se deparar com aquela oferta de emprego dos seus sonhos, lembre-se: o melhor antídoto contra a fraude é a dúvida saudável. Como em todas as áreas da vida, se parece bom demais para ser verdade, talvez seja mesmo.
Afinal, somos assim tão ingénuos? Talvez. Mas com um pouco de ceticismo, podemos transformar essa ingenuidade numa armadura contra os engodos da internet.