Daniel Espínola, OBEGEF

A construção de um ambiente de trabalho íntegro é um desafio que exige o engajamento de todos os membros da organização, mas o papel das lideranças nesse processo é fundamental.

Em um mundo marcado por escândalos e práticas antiéticas, a busca por um ambiente organizacional onde a integridade prevaleça é cada vez mais necessária. Nesse cenário, o papel das lideranças se destaca como crucial para a construção de uma cultura livre de corrupção, transparente e que promova os valores éticos e democráticos.

Aqueles que ocupam cargos de liderança, no topo da hierarquia organizacional, têm a possibilidade de patrocinar mudanças comportamentais mais amplas, propondo políticas e procedimentos e alocando recursos para prevenção, deteção e remediação das quebras de integridade. Mas além de alterações meramente normativas, como podemos efetivamente construir líderes mais íntegros?

Já está claro que não basta apenas anunciarem publicamente a existência dos valores da organização, ou falarem que “apoiam as políticas de integridade”. O que realmente importa é internalizá-los e integrá-los às ações e decisões diárias, especialmente em momentos de dilemas éticos. Essa postura serve também como um farol para todos seus colaboradores, inspirando confiança e encorajando-os a seguirem o mesmo caminho. É primando por essa coerência entre o discurso e a prática que os líderes conseguem estabelecer um tom claro de que as quebras de integridade não serão toleradas entre seus quadros.

Buscar lideranças mais íntegras requer também o fortalecimento de competências específicas. A integridade pode ser treinada e reforçada de forma constante também entre as lideranças, garantindo ferramentas para lidar com dilemas éticos, prevenir conflitos de interesse e fortalecer a cultura de transparência e accountability.

Construir um ambiente de trabalho saudável - um espaço onde os funcionários se sintam seguros para questionar eventuais ações antiéticas e comunicar irregularidades sem medo de retaliações - também deve ser uma tarefa dos líderes. Cabe a eles promoverem esse espaço de segurança psicológica em suas equipes e implementarem canais de denúncia confiáveis, garantindo que todas elas sejam investigadas de forma justa e transparente. Essa postura demonstra o compromisso da organização com a ética e a transparência, prevenindo a proliferação de práticas corruptas.

Ações de comunicação claras e constantes são essenciais para manter os colaboradores informados sobre os valores éticos da organização e as práticas de integridade em vigor. Líderes íntegros dedicam tempo para discutir esses temas com suas equipes de forma aberta, respondendo dúvidas e esclarecendo qualquer questão. Essa comunicação transparente contribui para a construção de uma cultura de integridade, onde todos os colaboradores se sentem responsáveis por agir com ética e integridade.

O reconhecimento e a recompensa de comportamentos íntegros também são ferramentas poderosas que os líderes possuem para motivar suas equipes e fortalecer a cultura ética da organização. Líderes que valorizam e reconhecem publicamente os colaboradores que agem com ética inspiram os demais a seguirem o mesmo exemplo. Essa prática reforça a importância da integridade e demonstra o compromisso da organização com a construção de um ambiente de trabalho livre de corrupção.

A construção de um ambiente de trabalho íntegro é um desafio que exige o engajamento de todos os membros da organização, desde a alta liderança até os colaboradores da base. No entanto, o papel das lideranças nesse processo é fundamental. São eles os vetores na condução da promoção de valores institucionais e princípios para suas equipes. Ao liderar pelo exemplo, criar canais de denúncia seguros, promover a comunicação transparente, reconhecer e recompensar comportamentos íntegros, as lideranças podem inspirar a construir um futuro mais ético e próspero para toda a organização.