Mário Tavares da Silva, Jornal i online

A ética robustece e melhora as organizações, aportando-lhes um relevante valor reputacional e permitindo-lhes desenvolver a sua atividade num ambiente de trabalho saudável, transparente e colaborativo.

Tido como tema recorrente nos fóruns da especialidade, a formação para a ética assume-se como crucial, impelindo a um efetivo desenvolvimento de competências técnicas que assenta, em particular, no conjunto de valores morais que orientam e balizam as linhas de atuação que devem ser observadas pelo indivíduo, seja nos seus comportamentos profissionais seja na sua atuação privada e pessoal.

A aquisição de conhecimentos e de outras competências que se revelem necessárias para a formação de cidadãos eticamente probos no plano pessoal e profissional passa, por um lado, por uma adequada formação profissional, orientada sobretudo numa dimensão de aprendizagens de natureza prática e, por outro, por uma adequada formação académica, aqui se integrando a educação formal obtida em instituições de ensino e em que se poderão integrar, por exemplo, cursos de pós-graduação, mestrados, doutoramento ou outras qualificações académicas.

Deste modo, qualquer uma das duas referidas dimensões pode permitir o estabelecimento de adequados padrões de conduta, potenciando a definição clara de normas e de padrões que devem ser seguidos por todos os profissionais, habilitando-os eficazmente e criando as condições para que a sua ação possa depois ser percecionada como honesta e transparente, e sê-lo efetivamente.

Simultaneamente, essa aquisição de conhecimentos, e este aspeto não é de somenos, terá condições de potenciar igualmente o incremento da confiança, robustecendo a relação existente entre todos os stakeholders envolvidos.

É por isso que é cada vez mais premente, integrar a formação e a ética numa abordagem o mais holística possível, criando efetivas condições para a preparação de profissionais mais completos e capacitados na resposta aos múltiplos e permanentes desafios criados pelo mercado de trabalho em geral e pelas organizações, públicas e privadas em especial.   

Aqui chegados, é crucial que as instituições de ensino e outros relevantes agentes educacionais possam, de forma concertada e cooperante, desenvolver com as entidades empregadoras, adequados planos de formação centrados nas dimensões da ética e da integridade, pois essa é a via mais eficaz para se promover uma efetiva cultura de integridade e de responsabilidade desde o início do processo educativo até a prática profissional que depois ocorre no seio das entidades.

Com uma adequada formação para a ética, teremos certamente colaboradores mais preparados para a adoção de decisões de modo informado, fundamentado e justo, nos mais variados domínios de atuação profissional, recobrindo áreas tão relevantes como a medicina ou mesmo a emergente área que se relaciona com a utilização e recurso de todo o potencial associado à inteligência artificial. 

Por outro lado, com uma valorização mais orientada da formação para a ética, será igualmente possível incrementar os níveis de confiança e de reputação das próprias entidades, pois profissionais eticamente probos e adequadamente formados e seguros tenderão a ganhar a confiança de todos aqueles que com eles se relacionam, sejam colegas ou clientes ou, para sermos mais abrangentes ainda, a sociedade em geral.

A ética robustece e melhora as organizações, aportando-lhes um relevante valor reputacional e permitindo-lhes desenvolver a sua atividade num ambiente de trabalho saudável, transparente e colaborativo.

Ao permitir tudo isto, a ética estimula ainda a responsabilidade social, impelindo todos, colaboradores e entidades, públicas e privadas, a ponderarem, sempre de forma  séria e preventiva, o impacto que as suas ações podem assumir na comunidade e no próprio meio ambiente, com isso mitigando o risco de problemas legais, fomentando um clima organizacional positivo, oxigenado pelos valores da transparência, da justiça, da sustentabilidade e da verdade e incrementando, assim, os níveis de satisfação dos colaboradores e a própria produtividade e, finalmente, concorrendo para o desenvolvimento pessoal, na medida em que promove e incentiva todos a cultivarem e a disseminarem esses mesmos valores.

O investimento nas políticas de formação ética é vital para a consecução de sociedades mais justas, mais sãs e mais equilibradas, sendo que as empresas, as instituições de ensino, os governos e a própria administração pública devem estar devidamente sensibilizados para a promoção de programas de ética, assim garantindo que os seus colaboradores, em todos os seus níveis, estão efetiva e adequadamente capacitados para superar, com sucesso, os múltiplos e complexos desafios que o futuro (que é já hoje) lhes colocará.    

O Relatório Técnico elaborado pelo Ministério da Justiça no âmbito da iniciativa designada “Agenda Anticorrupção” e com os contributos de múltiplas entidades, entre as quais o OBEGEF, aponta alguns interessantes caminhos que poderemos percorrer rumo à concretização destas relevantes políticas. O sinal está dado. Façamos agora o caminho. O OBEGEF, como sempre, saberá dizer presente.