Jorge Fonseca de Almeida, OBEGEF

Portugal é um dos coorganizadores do Mundial de Futebol de 2030. A decisão é conhecida há quase um ano. Esse campeonato envolve somas avultadas de largas centenas de milhões de Euros. Contudo, os sucessivos governos nada fazem para assegurar que a fraude e a corrupção não se verifiquem. O novo governo está há pouco tempo em funções. Ainda vai a tempo de replicar as boas práticas que se encontram por esse mundo fora.

Este ano realizam-se os Jogos Olímpicos em Paris e o Euro 2024 em várias cidades na Alemanha. O investimento para a organização destes dois eventos cifra-se nas dezenas de milhares de milhões de euros. Na olimpíada parisiense o Comité Organizador exibe um orçamento de 5 mil milhões, mas vários milhares de milhões adicionais serão investidos em infraestruturas e no embelezamento da cidade. Os gastos com o Euro são ainda mais altos.

Estes valores astronómicos são um poderoso íman para toda a sorte de criminosos, corruptos e para toda a panóplia de fraudes e de atividades ilícitas. Conhecendo a realidade e a natureza humana, as autoridades, tomaram algumas medidas destinadas a evitar o apropriamento ilícito dos fundos públicos e do dinheiro de investidores, publicitários e compradores de bilhetes.

No caso dos Jogos Olímpicos a Agence Française Anticorruption (AFA), criada em 2016 pouco antes da decisão do Comité Olímpico Internacional revelar a decisão de atribuir a Paris a organização do evento, tem um papel central no apoio às diversas organizações no que toca à prevenção e deteção da fraude, através de aconselhamento e de auditorias, participando na coordenação administrativa entre as diferentes entidades envolvidas no combate à fraude e à corrupção, e na disseminação das melhores práticas entre os vários atores. É uma metodologia acertada? Produz resultados?

Os Jogos iniciam-se no próximo dia 26 de junho, depois de cerca de sete anos de preparação. Durante este tempo as autoridades não identificaram qualquer tipo relevante de fraude ou de corrupção. Sabendo-se do que se passou nos jogos anteriores, não surge como crível que, desta vez, tudo se passe com a maior lisura e honestidade.

É certo que em junho de 2023 a Polícia efetuou buscas na sede do Comité Organizador dos Jogos sediado em Saint-Denis e que em maio desse ano a Presidente desse comité, Brigitte Henriques tinha renunciado ao cargo. Pouco antes o Presidente da Federação de Futebol e o da Federação de Rugby também foram afastados. A política parece ser a de afastar os responsáveis sem avançar com casos judiciais. Será?

Portugal é um dos coorganizadores do Mundial de Futebol de 2030. A decisão é conhecida há quase um ano. Esse campeonato envolve somas avultadas de largas centenas de milhões de Euros. Contudo, os sucessivos governos nada fazem para assegurar que a fraude e a corrupção não se verifiquem. O novo governo está há pouco tempo em funções. Ainda vai a tempo de replicar as boas práticas que se encontram por esse mundo fora.