Jorge Fonseca de Almeida, Dinheiro Vivo

Setembro foi um mês quente, talvez o mais quente das últimas oito décadas, e um sinal da intensificação do aquecimento do planeta. Segundo o The Guardian a temperatura de Setembro deste ano foi 9 (nove) graus superior à da média dos anos 1991-2020 (ver aqui). De 1940 para cá nunca houve um Setembro tão quente. O El Niño, fenómeno de aquecimento da água dos mares, é a grande causa deste aumento mensal.

A crise ambiental, no entanto, parece de resolução muito difícil na medida em que as sociedades humanas precisam de energia para sobreviverem. Atualmente as energias fósseis são responsáveis por mais de 70% da energia consumida globalmente. Em Portugal não é diferente.

É, pois, impossível parar de usar a energia fóssil de um dia para o outro. Seria o colapso da civilização tal como a conhecemos. Um colapso que significaria centenas de milhões de mortos. Por isso se fala em transição, uma mais ou menos longa transição. Estamos no ritmo certo? Nem por sombras. Na verdade ainda estamos a aumentar o consumo de energias fósseis. Só no fim desta década se espera atingir o pico de consumo e o início do declínio desse tipo de energias.

É este ritmo compatível com a emergência climática? Não parece haver uma resposta clara. Será sensato aumentar o ritmo da transição energética? Sem dúvida. Porque se não faz? Devido aos interesses instalados, à necessidade dos países ocidentais serem os que mais devem reduzir o uso de combustíveis fósseis e não estarem dispostos a fazê-lo.

Veja-se a quantidade de energia gasta a produzir armas, tanques, veículos blindados, aviões, navios, porta-aviões, submarinos, munições, capacetes, metralhadoras, mísseis, drones, e tantos outros artefactos letais. Os EUA gastam nesta loucura militar mais dos que os restantes países do mundo todos juntos. Será necessário? Não tenho dúvida que não é necessário. Poderia aqui haver uma forte redução dos gastos de energia? Claro que sim. Por que motivo não se faz? Por que não há vontade política dessa grande potência militar.

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Perante esta situação angustiante alguns jovens têm-se manifestado em Lisboa e um pouco por toda a Europa. Já não recorrem às antigas manifestações multitudinárias que se têm demonstrado para este efeito pouco eficazes, mas a ações inovadoras de grande alcance mediático. Por exemplo recentemente em Londres os jovens interromperam uma peça num dos teatros mais conhecidos para discutir com os espectadores as questões climáticas. São formas novas, disruptivas, mas eficazes de manifestação pacífica. É importante dar-lhes atenção.