Jorge Fonseca de Almeida, Dinheiro Vivo
A União Europeia não conseguiu acompanhar a primeira revolução digital do século passado (centrada no microcomputador) que foi liderada por empresas americanas primeiro e depois por empresas chinesas. Mas essa revolução já lá vai, como vão as fases subsequentes com a da internet e a das telecomunicações, agora entramos numa nova etapa, a dos 5G e da Inteligência Artificial. Também aqui chineses e americanos lideram a inovação e os mercados.
Das maiores empresas de Inteligência Artificial muitas são americanas como a Microsoft, a Alphabet, a NVIDIA, a Mobileye, a Palantir, a Dynatrace todas com mais de uma dezena de milhar de milhão de dólares de vendas anuais, mas também surgem empresas chinesas como a Baidu, a DJI, a Ubtech Robotics, a SenseTime, a Cambricom e muitas outras.
Na União Europeia também existem empresas de Inteligência Artificial mas são mais pequenas e menos sofisticadas.
O crescimento deste mercado, a par com o dos microchips avançados, está a criar uma bolha tecnológica nas principais bolsas de ações americanas. Recentemente a NVIDIA, uma das grandes empresas de Inteligência Artificial, apresentou um lucro líquido de 5,7 mil milhões de dólares.
Tal como no passado com o entusiasmo e depois a desilusão com as empresas da internet (as dotcom) que levou à violenta crise bolsista do ano 2000, esta excitação com as empresas de Inteligência Artificial acabará também por ruir. No entretanto, contudo, muitas fortunas serão feitas na bolsa com as ações destas empresas e muitos serão também arruinados. É uma oportunidade e um risco.
Por agora a onda da Inteligência Artificial está a impulsionar as bolsas americanas. A Nvidia, empresas americana, com sede na California, criada e dirigida pelo chinês (de Taiwan) Jen-Hsun Huang, é uma empresa emblemática do eixo económico do Pacífico.
É também uma empresa emblemática pelo seu modelo de negócio fabless ou seja sem qualquer fábrica apesar de ser um dos maiores fabricantes de chips e de hardware de inteligência artificial. Todas as fases da produção são levadas a cabo por fornecedores especializados. O próprio conceito de fabless foi desenvolvido e criado pela Xilinx outra empresa californiana dirigida por um chinês (de Taiwan).
O Pacífico tornou-se o centro económico do mundo. A Europa tornou-se o campo de batalha.
A guerra prolonga-se sem fim à vista, e na União Europeia a retoma económica atrasa-se, as taxas de juro altas refreiam o investimento, a dependência energética contínua, embora esteja a mudar de fornecedor para um mais caro, o atraso tecnológico agrava-se, o estado social definha. O eixo franco-alemão esfumou-se. A Polónia e Ucrânia parecem apostadas em arrastar a NATO para uma guerra com a Rússia. O futuro não parece risonho.