Ricardo Alexandre Rodrigues, OBEGEF

As pulsões, os impulsos, as necessidades, os desejos, as motivações, as tensões, as paixões, a(s) ética(s), as múltiplas expressões do eu-individual e do eu-coletivo, encontram na(s) liberdade(s), suas formulações, construções, densificações, fiéis propostas, projeções das individualidades, das identidades plurais e complexas do(s) eu(s) múltiplos, quais biunívocos portais da/de realização, apresentação e representação da(s) essências.

A espécie humana apresenta um marcador intrínseco primário identitário, de operacionalização e realização (do “eu” individual e do “eu” coletivo) a partir de células de conjuntos multiformes, amplamente complexas (v. núcleos (convencionais) de pertença). Assume-se, (re)define-se, projeta-se, nutre-se (pelos campos de existência) através das mais diversas interações e vínculos que estabelece, visando a superação da incompletude essencial.

Perpassando ciclos vitais, gerações, eras, as relações assumem, desta forma, especial centralidade, como motor e sentido do “eu”, do “nós”, do “outro”, dos “outros”, do todo, assim, do(s) eu(s), dos grupos, das comunidades, das sociedades, das culturas e das civilizações.

Da experiência relacional, em todo o seu esplendor, o amplo reconhecimento de todo o seu potencial, entre olhares, leituras, significados, expectativas, tão flagrantes, quão irresistíveis.

Pelos olhos, olhares, mãos, toques, bocas, palavras, sorrisos, (…) dos demais, assim, horizontalmente considerados, apesar dos diferenciais, mais ou menos evidentes, resultantes da estratificação e dos posicionamentos e consequentes códigos de pertença, as magnitudes da satisfação/ insatisfação/ indiferença (entre incluídos, excluídos, rotulados, estigmatizados, etc.), entre multiversos representativos.

Se aos sujeitos-mediadores relacionais é reconhecida tamanha importância aos destinatários diretos, indiretos, potenciais, presentes e futuros, um papel, uma responsabilidade, um enquadramento, uma tutela, enquanto parte integrante do campo de ressonância social.

Sugere-se, nesta linha, um estado mínimo incontornável a uma convivialidade segura (sentido dignitário e libertário – responsabilizador), ora, numa perspetiva estática, negativa e defensiva, a partir da intangibilidade das existências, das integridades, a par dos exercícios legítimos dos sentidos de expressão individual (v. dimensão personalista e quasi-personalista - suas decorrências). Mas, também, segundo uma perspetiva dinâmica, positiva e integrativa, rumo a um pertencimento legítimo no todo, entre éticas, êxitos e harmonias, “ávidos” /“famintos” de propostas e performances projetadas por forma paralela, concorrencial, partilhada, sobreposta, abrasiva, disruptiva, etc., através das liberdades dos “eus” dos outros (no(s) conjunto(s)), em conexão biunívoca, cujo desaguar lógico se consubstancia(rá) num sentido de convergência de “humanitude” integral (vislumbre ecológico).

Em verdade, o potencial da(s) liberdade(s) dos “eus” do(s) outro(s), em relação, constitui condição ético-funcional do exercício das liberdades dos meus/teus/nossos/vossos “eus”, a cuja emancipação se associam novos espaços, dimensões, margens, amplitudes, contextos, mundos, universos, multiversos, com os inúmeros contributos das individualidades, entre diferenças, experiências, expressões, conexões, dissidências, exigências, bem como, informações, conhecimentos, revelações, achados, motivações, representações, etc., por consequência, o aprofundamento progressista-humanista das condições e consciências dos sujeitos, dos conjuntos, do todo.

Ao exercício das liberdades associam-se, com potencial ampliativo/ exploratório, estados, classificações, construtos volitivos, etc. Ora, tanto mais amplas serão as margens de aprofundamento, em exercício, do “eu-tu” do “tu-eu”, quanto maior for a abertura ou permeabilidade (predisposição individual-coletiva), em exercício, à(s) diferença(s)/ ao (s) destaque(s)/ à (s) dissemelhança(s), assim, a operacionalização de competências finas de gestão das múltiplas identidades plurais-complexas, nas suas mais diversas camadas, com evidente expressão jurídico-política. De facto, a porosidade na pólis comunica o reconhecimento dos contornos múltiplos-plurais das individualidades, nas suas expressões e realizações, forçando o leque de oportunidades de preenchimento da sacra incompletude existencial. Finalmente, quanto mais amplos forem os acessos aos corpos, às mentes, aos espíritos, às vidas e suas particularidades e sensibilidades (como limitações, alegrias, medos, desconfianças, desconfortos, perspetivas, ambições, potências, posicionamentos, etc.), às essências profundas e correspondentes dimensões estéticas, por convenção social, por encontro de vontades, por necessidade, etc.

Os níveis de consciência comunicacional são imperiosas bussolas conformadoras/ definidoras das perceções e realizações dos sujeitos, na medida em que institucionalizam, subatomicamente, pelo éthos, a tão almejada previsibilidade libertária de condutas, perpassando impulsos, convenções, crenças, com recurso à principiologia auto-criticista moderada-modelada, conciliando, racionalmente, a autossuspeita, as competências e as verdades. Por efeito, a predisposição para a sofisticação da convivialidade segura, pela introdução do fino trato integrativo.

O exercício ético-estético estratégico da(s) liberdade(s) conduz ao posicionamento autonómico-responsabilizador dos indivíduos, com a coloração integral de dimensões ético-estéticas, quais “jogos” de partilha (retratada) entre jogadores/ apostadores no jogo que é a vida.

A próxima linha é tua….