Aldo Andretta, OBEGEF

O Crime é não mutável, mas sim adaptável! Independente do meio utilizado, quer presencial ou digital, criminosos encontram maior facilidade em aplicar técnicas que ludibriam as vítimas e, após utilizam meios eletrônicos para concretizar seus intentos.  Nos cabe ficarmos atentos e divulgarmos as novas metodologias utilizadas por criminosos, para evitarmos que outras pessoas acabem sendo as novas vítimas!

Nos meus últimos textos tenho explorado o tema de fraudes cibernéticas, pois entendo que é um tema atual, que precisa de divulgação e maior conhecimento por parte de toda a sociedade, pois quanto melhor esclarecida for menor a possibilidade de existirem vítimas de golpes.

E ás vezes me deparo com estas tentativas! Dentro de minhas atividades profissionais tenho a possibilidade de trabalhar em um modelo híbrido (home office/presencial), sendo que um desses dias resolvi trabalhar na casa de meus pais. Sempre bom em razão dos mimos da mãe!

Mas, nessa visita aconteceu um fato curioso! Minha mãe veio até mim informando que dois homens em um carro, pararam na frente à sua casa e ofereceram um jogo de panelas a um preço três vezes menor do que na loja, justificando que eram entregadores e ficaram com prejuízo por não conseguirem efetuar uma das entregas, sendo que precisavam reverter parte dele com aquela venda, autorizada pela empresa. Inclusive apresentaram um cupão fiscal, de uma loja renomada, tentando dar credibilidade ao alegado. Só tinha uma condição: o pagamento deveria ser feito com um cartão, pois precisariam do comprovante para “dar baixa no sistema”.

Imediatamente, pensando em uma pessoa que gostaria de presentear, minha mãe adentrou em casa para pegar o cartão, sendo alertada pelo meu pai, que levantou suspeita sobre a compra, principalmente porque os vendedores disseram que não poderiam aceitar o pagamento em dinheiro. Imediatamente me chamaram e de pronto pedi para não fazer a compra, dispensando a oferta, ante a suspeita.

Vejam que os pretensos vendedores avistando uma pessoa com uma idade avançada, utilizando-se de uma argumentação de vantagem para o comprador, possivelmente pretendiam aplicar um golpe, onde o valor da compra certamente seria maior, uma vez que o dispositivo utilizado para o pagamento estaria adulterado para este fim.

Outro fato que me ocorreu em um passado recente, foi a visualização no Instagram do Stories de uma pessoa ao qual laborei tempos atrás. Nestes foram colocados alguns itens novos, vendidos a um preço muito baixo, informando pertencer a uma pessoa amiga, a qual estava ajudando em razão de mudança para outro país. Minha esposa se interessou por uma SmartTv e mesmo suspeitando dos valores entrei em contato com a pessoa, pedindo informações. Neste contato foi dito que era necessário o pagamento de parte antecipada para assegurar a compra, pois outras pessoas tinham manifestado interesse. Perguntando onde estava o produto e que faria o pagamento na retirada, meu contato não foi mais respondido.

Imediatamente procurei o contato com desta pessoa, via outras redes sociais e fui informado que o perfil foi hackeado (invadido) e que, infelizmente duas pessoas já haviam caído nesta fraude.

Daqui tiramos uma conclusão: a atratividade por uma “oportunidade única” é uma das melhores iscas utilizadas pelos fraudadores para atrair suas vítimas!

E podemos notar um ponto importante, principalmente no primeiro caso, que é um misto que fraude presencial com uma fraude eletrônica, pois primeiramente ele utiliza métodos de Engenharia Social e efetiva seu “golpe” utilizando um meio eletrônico.

O segundo caso já é puramente uma fraude cibernética, pois uma conta de rede Social foi apropriada, inserida a atratividade, despertando a aquela oportunidade única (muitas vezes a ganância), para que por um meio eletrônico, seja transferido os valores para contas de cibercriminosos ou de terceiras pessoas que são utilizadas para estes fins.

Antigamente tínhamos o golpe do bilhete premiado, onde uma pessoa dizia ter ganho determinado valor na loteria, mostrando para tanto os comprovantes, mas que por algum motivo não poderia retirar o prêmio, sendo que a vítima faria o pagamento de metade do valor e ficaria com o bilhete. Claro que a pessoa que pagou ficou sem o prêmio e sem o dinheiro entregue ao fraudador. Deixo um link aqui para quem tiver curiosidade de entender um pouco mais sobre este golpe (https://superdigital.com.br/blog/categorias/tudo-sobre-fraude/golpe-do-bilhete-premiado)

Outro muito comum é o de encontrar abruptamente um objeto de ouro (colar, brinco, anel, etc) na rua, fazendo com que as pessoas que estão próximas se interessem pelo objeto e como foi encontrado, acaba pedindo um valor baixo, para venda daquele item. Logicamente o objeto é falso e quem pagou ficou no prejuízo.

Pesquisei alguns golpes em Portugal (https://cidadaniaja.com.br/post/e-uma-cilada-bino-os-golpes-mais-comuns-de-portugal/) e vi que tem alguns que não necessariamente utilizem meios eletrônicos, como o taxista que tomam caminhos mais longos para obtenção de valores de corrida maiores; ou falso representante de empresas renomadas que solicitam dados pessoais em visita  as suas residências, este sim para se transformar posteriormente em uma possível fraude utilizando “dados quentes” (verídicos).

E são inúmeros casos em que meios digitais são utilizados meios de prática criminosas presenciais, com a facilitação da perpetração por meios digitais.

Vejam o exemplo do sequestro. Primeiramente a pessoa era sequestrada e a família contactada para fazer o pagamento do resgate. Meios foram implementados e a prática passou a ficar mais complexa. A evolução foi fazer o que chamamos por aqui de “sequestro relâmpago”, onde as pessoas são sequestradas e obrigadas a sacar dinheiro em caixas eletrônicos e fazer compras com cartões de crédito. Novas medidas foram implementadas, principalmente em período noturno e a prática se tornou mais difícil. Até que veio o PIX (pagamento instantâneo similar ao NBWay), onde os sequestrados, ou seus familiares, são coagidos a transferir valores para contas de terceiros.

Isso revela uma faceta do crime, pois ele não muda e sim se adapta a uma nova realidade. E de certo que se adapta de maneira muito rápida, de maneira que a divulgação sobre os métodos é feita de maneira muito mais lenta do que a evolução do crime. E cada vez mais os criminosos utilizam de meios presenciais e eletrônicos para concretizar seus crimes.

As dificuldades para apuração destes crimes também vão aumentar. Infelizmente! Cabe a nós cada vez mais divulgar a prática destes crimes, para que as demais pessoas sejam alertadas e possam não ser vítimas destes criminosos. E principalmente dizer para as pessoas que não existe almoço grátis! Se alguém oferecer alguma facilidade é porque querem algo de você!

Espero ter dado minha contribuição!