Jorge Fonseca de Almeida, Diário de Notícias

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Presidência portuguesa da União Europeia tem sido marcada pelo fracasso na vacinação da população. As vacinas escasseiam, a aprovação de vacinas não ocidentais tarda, as mortes evitáveis continuam, a desorientação é geral.

A Presidência portuguesa encarnada por António Costa mostra-se incapaz de levar a cabo a tarefa essencial de por em marcha um plano de vacinação europeu que evite mortes desnecessárias e permita o relançamento económico do espaço comunitário. A meio do mandato parece já claro o contraste da Presidência Portuguesa com o sucesso da Presidência alemã que conseguiu o consenso necessário para a aprovação dos fundos extraordinários de recuperação económica. Contudo não haverá recuperação enquanto a pandemia não for controlada.

Esta desorientação estratégica começa em casa, os planos de vacinação mudam constantemente, os responsáveis operacionais sucedem-se, a aquisição de vacinas um desastre, a errada decisão alargar a aplicação aos maiores de 65 anos uma vacina que muitos países estão a suspender, a inacreditável inclusão de jovens saudáveis no primeiro grupo passando à frente da população mais exposta, os idosos e as pessoas com doenças graves, tudo mostra uma incapacidade e uma falta de clarividência notáveis.

A inclusão dos professores, uma população com uma baixa taxa de mortalidade em termos de Covid, no grupo prioritário é mais uma asneira que se pagará com mais mortes evitáveis.

Naturalmente que com esta falta de rumo em casa seria espantoso se sob a Presidência portuguesa a vacinação corresse bem a nível europeu. Percebendo a fraca liderança vários países estão a afastar-se de políticas comuns e a seguir o seu próprio rumo. As populações respetivas é que saem beneficiadas, quer pela compra de vacinas disponíveis, quer por uma mais eficaz vacinação dos mais velhos.

A Presidência Portuguesa, protagonizada pela dupla António Costa-Augusto Santos, ao não conseguir desbloquear o problema da vacinação arrisca-se a ficar associada a uma crise económica mais prolongada e mais severa na União Europeia do que no resto do mundo. Recordemos que a China cresceu economicamente em 2020 e prepara-se para acelerar em 2021 e que os Estados Unidos terão a população vacinada no fim de Maio, daqui a pouco mais de dois meses, e aprovados importantes planos de apoio às famílias e empresas e de relançamento económico.

Este falhanço, que não é só da Presidência portuguesa mas é partilhado pelos dirigentes dos países centrais da UE, mostra o declínio da União Europeia, a extensão dos estragos das políticas de austeridade na máquina administrativa dos Estados e uma profunda incapacidade política de reagir a um desafio da magnitude da atual pandemia.