Jorge Fonseca de Almeida, Dinheiro Vivo
A forma como o Governo tem gerido a crise pandémica que assola o planeta tem-se pautado pela incompetência a que se acrescenta agora a cobardia, sempre com consequências pesadas na economia e sociedade portuguesa.
O resultado destas políticas levaram Portugal ao topo mundial em termos de novas infeções por milhão de habitantes e de novos mortos por milhão de habitantes. Depois de atingirmos este patamar, em que continuamos, o primeiro-ministro proferiu declarações que começavam por "... se a situação piorar tomaremos medidas". Extraordinário. Ontem, dia 27 de Janeiro, o secretário de Estado da Saúde ao visitar o que chama um hospital de retaguarda em Coimbra prometeu ativá-lo logo que necessário. Ao ser confrontado com o fato de o hospital de Coimbra estar já com a capacidade a 99% (noventa e nove por cento) repetiu que ainda não era necessário! Duplamente extraordinário.
É esta displicência, este desprezo pela saúde e pela vida dos portugueses que tem caracterizado a política de Saúde nos últimos meses.
Mas a cobardia está também a invadir as políticas públicas. Como explicar que quando 90% dos mortos são pessoas com idade superior a 70 anos que a vacinação inclua no primeiro grupo os políticos?
Como explicar de outro modo os atrasos sucessivos de um confinamento mais rigoroso atualmente? Recordemos que a agricultura, a indústria e maioria dos serviços continuam em atividade.
Como compreender o atraso no encerramento das escolas? Como perceber a realização de eleições e a não introdução do voto pelo correio?
Como explicar que na primeira fase de vacinação se incluam as forças de segurança, pessoas na maioria jovem e não, como na generalidade dos países europeus, os maiores de 80 anos?
Como explicar que o nosso plano de vacinação se afaste das recomendações da Organização Mundial de Saúde que recomenda a prioridade aos mais velhos e ao pessoal de saúde (que estão expostos diariamente ao vírus e cuja doença impacta na vida dos doentes)?
Vários ministros anunciaram estar infetados e todos voltaram ao trabalho logo que recuperados. O mesmo se não pode dizer de muitas pessoas de mais de 70 anos que contraíram a doença.
Como se pode hesitar em receber a ajuda internacional oferecida por vários países, incluindo os nossos vizinhos espanhóis, quando temos a maior mortalidade diária por milhão de habitantes do mundo dizendo que ainda não é o momento?
No Reino Unido quando um primeiro-ministro se não mostra à altura dos acontecimentos é substituído, sem que isso acarrete novas eleições. Desde que a maioria que suporta o Governo se mantenha e que nela seja possível encontrar novo primeiro-ministro. Assim tivemos David Cameron, Theresa May e Boris Johnson à frente do Governo sempre apoiados pela maioria parlamentar saída de uma mesma eleição.https://09f7bea62e007681cb70457ca6da6688.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
Hoje essa solução seria a melhor para o nosso país. Constitucionalmente nada a impede. O atual primeiro-ministro e a sua ministra da saúde já demonstraram não ser capazes. Portugal tem muitas debilidades mas nunca ao ponto de ser o pior do mundo a defender a vida dos seus cidadãos. Para isso só com muita incompetência e falta de coragem na hora da tomada de decisões difíceis. Tudo está na mão do Partido Socialista e do Presidente da República.