Aurora Teixeira, Visão on line,

There is no dark side of the moon really. Matter of fact it's all dark. (The Dark Side of the Moon, Pink Floyd)
Usualmente é afirmado que a inovação é a mudança com valor económico, mudança com melhoria, estando esta mudança/melhoria associada à criatividade, ou seja, tendência para gerar ou reconhecer ideias, alternativas, ou possibilidades que podem ser úteis na resolução de problemas, na comunicação com outros, e para o entretenimento.
Numa perspectiva contemporânea, o principal objectivo da inovação passa por criar uma oferta distintiva que permita às organizações diferenciarem-se da concorrência, antecipando-se às necessidades dos clientes/utilizadores através da apresentação de propostas de valor sempre renovadas.
Se pensarmos em algumas das inovações mais importantes de sempre, em regra associamo-las a coisas 'boas': maior produtividade, melhor qualidade de vida, acesso a novos bens e serviços, etc. Pense-se, por exemplo, na descoberta de novos medicamentos, no ADN, que salva(ra)m vidas, aumenta(ra)m a esperança de vida, melhora(ra)m materialmente a qualidade de vida das pessoas, ou no extraordinário desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (as famosas TIC), reflectido numa avalanche de inovações a jusante.
Mas nem tudo são 'coisas boas', como em diversas coisas na vida parece haver também um lado 'negro' na inovação!
De facto, os desenvolvimentos nas TIC alargaram imensamente o âmbito para a fraude na academia e, simultaneamente, introduziram novos e criativos métodos de condutas desonestas.
A Internet (e a generalidade das formas de e-learning) são actualmente um dos maiores veículos de práticas fraudulentas. Entre outras coisas, facilitou as práticas de venda de estudos e trabalhos académicos (elevando o plágio a um estatuto de 'epidemia'), assim como a proliferação de graus/diplomas falsos (Diploma Mill) de instituição reputadas como Harvard ou Yale.
Um estudo da UNESCO(1) revela que mesmo num dos países cujos elevados padrões éticos da sua população são sobejamente conhecidos, a Suécia, onde a corrupção é percepcionada como inexistente de acordo com o Transparency Index, a fraude académica parece ter assumido proporções preocupantes. Os problemas incluem: falsos doutoramentos supostamente concedidos por instituições de ensino superior da Suécia, estudantes que se candidatam a cursos com base em falsas qualificações e indivíduos que se candidatam a empregos com base em falsos graus. Adicionalmente, existem inúmeras universidades falsas, algumas das quais publicitam-se na imprensa internacional e listam no topo dos hits dos motores de busca da Internet.
Independentemente do país, é impressionante o número de sítios web 'especializados' em serviços fraudulentos que actualmente residem nesta 'aldeia global'. Estes sítios constituem um exemplo dramático do impacto do 'progresso' tecnológico sobre a fraude académica.
(1) Hallak, J. e Poisson, M. (2007) "Academic fraud, accreditation and quality assurance: learning from the past and challenges for the future", in Higher Education in the World 2007: Accreditation for Quality Assurance: What is at Stake?, pp. 109-132, ch. 7, Paris: UNESCO, International Institute for Educational Planning.