Edgar Pimenta, Visão on line,

A internet faz parte da vida de todos nós, seja ela pessoal ou profissional. E confiamos. É necessário uma confiança informada.
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A internet faz parte da vida de todos nós, seja ela pessoal ou profissional. E é algo cada vez mais omnipresente. E de tal forma que tem vindo a mudar muitos nos nossos hábitos. Podemos consultar o nosso e-mail em qualquer sítio, saber constantemente o que os nossos amigos andam a fazer sem sequer falar com eles, reduzir uma discussão a uma pesquisa num qualquer telemóvel.

E embora não tenhamos por vezes essa consciência, navegar na internet é, em parte, um ato de fé, um ato de confiança.

Quando fazemos uma pesquisa no google, confiamos nos resultados que nos são apresentados. E se um qualquer site na internet retorna determinada informação, tendemos a acreditar nela como a verdade absoluta. Afinal, está na net!!!

Mas a net e os seus conteúdos são feitos por pessoas. Pessoas como nós. Que publicam por diversas razões, que podem nada ter a ver com a verdade. Faltar-nos-á algum ceticismo? Ou nem sabemos como confirmar a informação?

Mas quando fazemos essa mesma pesquisa, a nossa confiança não se restringe aos resultados da mesma. Estamos a confiar que os dados que fornecemos a uma qualquer google são apenas utilizados nessa nossa pesquisa. E não nos preocupamos como o que possa ser feito com esses mesmos dados. Mas faça-se um pequeno exercício: duas pesquisas sobre um mesmo tema efetuado por duas pessoas na mesma altura podem apresentar resultados ligeiramente diferentes. E isso é feito para nossa facilidade/comodidade. É feito para que os resultados sejam mais adequados ao que realmente queremos, com base num histórico de pesquisas e de navegações por nós efetuados. Parece ser prático confiar.

Confiamos quando carregamos as nossas fotos no Instagram e no Facebook. Confiamos que só acede a elas quem realmente nós queremos. Confiamos que, se um dia as quisermos eliminar, elas são de facto eliminadas.

O mesmo nível de confiança aplica-se quando guardamos os nosso ficheiros na nuvem (cloud).

Confiamos quando acedemos ao nosso banco a partir de casa (homebanking). Confiamos que a ligação é segura (se tivermos esse cuidado) e que as nossas credenciais de acesso e as nossas operações estão protegidas.

Confiamos (embora um pouco menos) quando efetuamos uma compra on-line. Como se trata do nosso dinheiro e não de umas simples fotos de férias, somos um pouco mais desconfiados.

E como é entre gerações? Aqueles que há anos utilizaram o analógico e que viram a internet crescer colocam uma confiança desconfiada e são, por vezes, mais tardios a confiar. Os que sempre viveram num mundo digital, onde a net é algo que sempre fez parte deles, tendem a ser menos desconfiados. Nem que seja por nem sequer questionarem.

Mas ás vezes as coisas correm mal….

O caso Snowden (ex-funcionário da CIA e da NSA que veio divulgar as diversas técnicas usadas pela NSA para monitorizar e espiar as comunicação na internet) veio criar uma enorme vaga de desconfiança. Subitamente, descobrimos que todas as nossas comunicações podem estar a ser analisadas. E que, se calhar, pouco podemos fazer para nos protegermos.

Para quem segue questões mais técnicas, o bug heartbleed (que permite aceder a informação trocada de forma cifrada com servidores vulneráveis) é mais um ponto de desconforto.

E quando vemos algumas notícias de ataques ficamos um pouco preocupados, a nossa confiança reduz-se pontualmente.

Mas tudo isto é temporário.... Afinal, é algo que só acontece aos outros…

Mas temos que mudar o paradigma. Por vezes, faz sentido aumentarmos o nosso nível de cepticismo. Não quer dizer que não confiemos em nada. Devemos (temos) confiar. Mas faz sentido sermos mais informados e sermos mais capazes de questionar. Para saber os riscos que temos e como nos devemos proteger.

E porque só assim conseguimos ter uma confiança, não de fé mas informada.