João Pedro Martins, [types field="pub" class="" style=""][/types],
A cimeira das Lajes catapultou Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia. Este beijo de Judas aos eleitores deixou Portugal sem o primeiro-ministro democraticamente eleito e manchou o nome do país que assim ficou associado a uma invasão ilegítima de um Estado soberano sob o pretexto da existência de armas de destruição maciça no Iraque.
Saddam Hussein foi capturado e enforcado, da mesma forma que se faz com porco selvagem durante uma caçada. O direito à vida e a um julgamento internacional podem ser negados por um tiro certeiro de um soldado norte-americano. Que o diga Bin Laden que nem o corpo lhe vimos o rasto.
Perseguir terroristas é um acto de patriotismo para os americanos. Colocar escutas e invadir a privacidade de milhões de cidadãos de todo o mundo é mera segurança nacional.
A Guerra que já foi fria, agora combate-se no ciberespaço. Julian Assange e as revelações do WikiLeaks são ameaças à segurança dos EUA. A recente entrevista de Edward Snowden, o ex-consultor da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que revelou uma rede de espionagem global, onde milhões de pessoas são vítimas de intrusão abusiva nas contas de email pessoal, marcou uma nova etapa nas relações de subserviência do Estado português perante os superiores interesses de quem controla a economia mundial.
Ninguém imagina o ministro dos Negócios Estrangeiros a alegar "questões técnicas" para impedir o Air Force One, o avião presidencial de Barack Obama, de pousar no solo português.
Mas com Evo Morales, o verniz estala. O presidente da Colômbia foi obrigado a uma aterragem de emergência na Áustria, depois de os países latinos lhe terem negado pisar território europeu. O argumento foi o mesmo para a invasão do Iraque - uma suposta mentira, desta vez com o pretexto da presença a bordo do espião e traidor Snowden.
Snowden é uma "questão técnica" perigosa para Portugal, mas os voos da CIA com prisioneiros de Guantánamo são um segredo de Estado.
O ministro Portas criou um incidente diplomático que suscitou protestos nas ruas de Las Palmas, onde bandeiras portuguesas foram rasgadas e queimadas por cidadãos colombianos.
Paulo Portas em representação de um órgão de soberania beijou a mão do patriarca de Lisboa, da mesma forma que se ajoelhou perante os interesses americanos.
Portas é um político tóxico e mercenário. Nunca o vimos impedir a aterragem das centenas de empresas-fantasma de várias multinacionais norte-americanas que durante três décadas se instalaram na zona franca da Madeira, com o único objectivo de não pagar impostos. Pepsi-Co, Dell, Chevron e o império da rede offshore de Mitt Romney, ex-candidato às presidenciais dos EUA, são alguns exemplos de gigantes da economia mundial que transformaram o território português num bordel tributário.
Num mundo cada vez mais opaco, é absolutamente vital que pessoas como Assange e Snowden continuem a apontar os holofotes da imprensa para as verdades ocultas. A democracia precisa que a verdade seja revelada e que o tráfico de influências seja desmascarado na praça pública, independentemente do nome e da origem daqueles que violam o direito internacional e as liberdades e garantias dos cidadãos de todo o mundo.
Os beijos irrevogáveis que Paulo Portas vai distribuindo entre feirantes, sacerdotes e chefes de Estado arriscam-se a ter um retorno de Judas nas próximas eleições.
Veremos de quem é o próximo beijo.