Jorge Fonseca de Almeida, Dinheiro Vivo
É hoje manchete em alguns jornais europeus que o anúncio da Spotify do despedimento de um em cada cinco dos seus trabalhadores, ou seja de 20% da sua força de trabalho, implicou de imediato o aumento em mais de 9 milhões de euros os ganhos de Paul Vogel, o presidente da comissão executiva da empresa sediada em Estocolmo na Suécia. Por cada um dos 1.500 trabalhadores despedidos Paul Vogel ganhou cerca de 6.000 euros. É caso para dizer que a sorte de um é o azar de muitos
Esta é, infelizmente, a lógica da sociedade atual, em que os gestores têm todo o incentivo em despedir, reduzir custos salariais e outros benefícios dos trabalhadores. Com esta lógica o rendimento concentra-se no topo e gera-se uma corrida para o fundo entre as sociedades que implementam este modelo social.
Longe vai o tempo, nos anos 60 do século passado, em que os países escandinávicos eram um farol de justiça social, um bastião da social-democracia ocidental, que promovia uma sociedade de menores desigualdades e de relativo bem-estar para os trabalhadores. Hoje, com o progressivo desmantelamento do Estado Social estes países apresentam índices de pobreza alarmantes.
A extrema-direita populista está a gradualmente a substituir a social-democracia como força política. Por exemplo na Suécia nas eleições de 2022 os Democratas Suecos, o partido da extrema-direita, obteve mais de 17% dos votos tendo elegido 73 deputados mais 11 do que nas eleições anteriores.
Como alertou Mário Centeno a desaceleração económica na zona Euro e em Portugal já se está a materializar num aumento do desemprego.