Jorge Fonseca de Almeida, Dinheiro Vivo
Este texto pretende ser um eco, uma repetição, uma validação, um testemunho do que já se disse sobre o Professor Carlos Pimenta recentemente falecido.
Do site da Transparência Internacional cito "Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, dirigiu o Observatório de Economia e Gestão de Fraude, e destacou-se no combate e prevenção da fraude e da corrupção e crimes de "colarinho branco", sendo também autor de uma vasta obra científica nas áreas de Economia Portuguesa e Economia Africana". Foi também fundador da Transparência Internacional portuguesa e membro da sua primeira Direção.
O Professor Carlos Pimenta foi um dos mais destacados combatentes contra a fraude e a corrupção no nosso país. Estudou o fenómeno do ponto de vista da ciência económica e atuou civicamente contra este flagelo que atinge o nosso país com especial virulência. Foi fundador das duas mais importantes organizações cívicas que estudam e combatem a fraude e a corrupção no nosso país: o OBEGEF (Observatório de Economia e Gestão de Fraude) e a Transparência Internacional.
Pela sua intervenção recebeu em 2012 o prestigiado Prémio Internacional Outstanding Achievement in Outreach / Community Service da Association of Certified Fraud Examiners.
Do site da Faculdade de Economia da retiro "Exerceu diversos cargos de direção académica. Pró-Reitor da Universidade do Porto para a Informatização Administrativa e para a Cooperação com África (1988-1998)".
Da sua investigação científica centrada em duas grandes áreas a dos salários e a da fraude e corrupção resultam vários livros de que destacamos: Parte dos Salários no Rendimento Nacional (1972), Curva de Phillips em Portugal (1983), Os Salários em Portugal (1989), A Economia não registada na Região Autónoma dos Açores (2013), Contributos para a Caracterização e Explicitação da Inflação em Portugal (2016), Racionalidade, Ética e Economia (2017), Os Offshores do nosso quotidiano (2018) e A escrita contra o Silêncio (2021).
Do artigo do Professor António Maia no Jornal I copio "O Professor Carlos Pimenta era um homem bom, com enormes qualidades humanas e cívicas, amigo incondicional de quem teve o privilégio de com ele privar, uma referência maior de inspiração e alento para os elementos do OEBGEF".
De amigos, colegas que em mensagens nas redes sociais quiseram testemunhar sobre o Professor Carlos Pimenta, escolho de entre muitos: "Um homem notável é que marcou sem dúvida o meu percurso profissional" (A.C.), "recordando os bons momentos e a vontade sempre persistente do prof. Pimenta na batalha desigual contra a corrupção e o crime económico" (JPM), "recordo as aulas em que foi meu professor. Foi um privilégio", "ficará para todos o exemplo da pessoa, profissional e cidadão que foi" (P.M.).
Há pessoas que nos marcam pelo seu carisma, pela sua obra, apesar de nunca com elas termos privado. No meu caso apenas falei com o Professor Carlos Pimenta em meia dúzia de ocasiões mas, em todas elas aprendi e ganhei ânimo e senti o seu apoio para a luta comum pela ética e contra a fraude e corrupção.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa tem sido rápido a condecorar feitos efémeros e heróis passageiros, mas lento a reconhecer o mérito de carreiras longas e persistentes feitas de trabalho sério e profícuo em prol do nosso país como a do Professor Carlos Pimenta. Mas, havendo vontade, ainda vai a tempo.