Jorge Fonseca de Almeida, Jornal de Negócios
...Se quisermos evitar uma crise do imobiliário e da banca o Governo deve ponderar as necessárias ajudas às famílias. Para que se não repitam os erros do passado. O tempo é de agir não de assobiar para o lado.
Biden fez aprovar o seu Plano de Alívio às pessoas e às empresas. Um plano destinado a compensar a perda de rendimentos e de receitas que tiveram durante a pandemia. É um plano controverso, que teve a oposição dos Republicanos, mas a aprovação da grande maioria dos americanos.PUB
Várias medidas são importantes. Desde logo a distribuição de 1.400 dólares por pessoa (não por família mas por pessoa) permitindo a muitos norte-americanos equilibrar os seus orçamentos, e manter o consumo privado que suporta a produção empresarial. Mas o apoio às pessoas não se esgotam neste subsídio.
Existe um importante apoio ao pagamento das rendas e prestações em atraso. Que permite evitar os despejos e o aumento de pessoas sem-abrigo. E que, adicionalmente, permite ao senhorios manter as suas receitas, salvaguardando o mercado imobiliário evitando crises como a de 2008. Este apoio é fundamental para a preservação da estabilidade macroeconómica do país. Em Portugal não existe este apoio, o que já se reflete na baixa do valores do imobiliário. Teremos uma crise? Como evitá-la? Biden deu já a resposta.
O cuidado com o mercado imobiliário é extremo, procurando-se escapar de uma crise que se poderá tornar global se mal gerida. Percebe-se assim a preocupação de também apoiar os inquilinos com subsídio especial para pagamento das contas atrasadas dos serviços essenciais de água, eletricidade, comunicações. Para que as pessoas não abandonem as suas casas, ou não as vejam penhoradas por falta de pagamentos.
O afundamento do mercado imobiliário levou à insolvência de grande parte dos bancos portugueses que se viram confrontados com níveis de crédito malparado enormes. Essa situação levou à intervenção externa, protagonizada pela Troika, e ao esforço enorme de ajuda aos bancos que deixou Portugal com uma dívida pública das mais elevadas do mundo.
As moratórias de crédito estão a terminar. O Governo parece esperar impávido e sereno pelo desastre. Se nada for feito, os incumprimentos vão disparar e os bancos entrarão de novo em dificuldades em termos de capital. É certo que estão hoje mais capitalizados, mas essa maior capitalização é completamente insuficiente para enfrentar uma tempestade da magnitude da que pode estar pela frente.
Se quisermos evitar uma crise do imobiliário e da banca o Governo deve ponderar as necessárias ajudas às famílias. Para que se não repitam os erros do passado. O tempo é de agir não de assobiar para o lado.