Jorge Fonseca de Almeida, Dinheiro Vivo (JN / DN)

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Terminado o ano de 2020 que perspetivas se abrem para o futuro próximo? Depois da profunda recessão provocada pela pandemia, a generalidade das instituições aponta para uma recuperação parcial em 2021.

O ano de 2021 inicia-se com a propagação de uma nova estirpe mais contagiosa do vírus que vai provocar o caos nos serviços de saúde e uma nova onda de restrições, encerramentos de atividades não essenciais, quarentenas e de morte. É um processo já em curso e que vai marcar os primeiros meses do ano. Péssimas notícias para a economia, nomeadamente para o turismo, o pequeno comércio, as atividades culturais presenciais e todo um conjunto alargado da economia. Não se afasta a hipótese de o primeiro trimestre ser de recessão.

Mas 2021 vai ficar marcado pela vacinação mundial massiva contra o Covid-19. Da velocidade com que cada país a conseguir realizar vai depender o seu pleno regresso à atividade económica e o seu grau de recuperação. Há países já mais avançados que outros. Portugal claramente não se encontra no lote dos mais avançados.

A marcar o ritmo da recuperação vão estar os fundos estatais europeus e, principalmente, a capacidade de cada país de os utilizar para modernizar a sua economia, criar empregos, produzir riqueza e distribui-la de forma equitativa.

Sem um reforço das medidas (preventivas, de identificação e punição) da corrupção Portugal corre o sério risco de desbaratar estes fundos e atrasar-se mais uma vez face aos seus parceiros/concorrentes europeus, nomeadamente os do Leste Europeu. A impreparação atual não augura nada de bom.

Se assim for, se os outros massificarem primeiro a vacinação e aplicarem melhor e mais rapidamente os fundos estatais europeus, assistiremos a partir de meados de 2021 ao começo de uma nova vaga de emigração dos portugueses e à saída de muitos imigrantes.

Assim em 2021 a evolução da economia portuguesa vai depender de dois fatores claramente geríeis pelo Governo: a rapidez da vacinação geral e a eficaz utilização dos fundos europeus.

Se o Governo for eficiente teremos uma recuperação parcial mais ou menos robusta, se o não for a recessão pode continuar, esse é o risco que corremos em 2021.