Jorge Fonseca de Almeida, Jornal i
A Airbus mantinha um esquema de corrupção de executivos das linhas aéreas de vários países o que lhe permitia vender os seus aviões.
A Airbus aceitou, no início de fevereiro, pagar uma multa recorde de três mil e seiscentos milhões de Euros às autoridades francesas, inglesas e norte-americanos pela sua atuação comercial corrupta ao longo de vários anos. Ao assinar voluntariamente este acordo a Airbus evita uma condenação judicial que a afastaria dos concursos públicos quer na União Europeia quer nos Estados Unidos.
Para além da multa gigantesca a Airbus aceitou igualmente que durante os próximos 3 anos as operações da empresa fiquem sob escrutínio direto da agência anticorrupção francesa.
A Airbus mantinha um esquema de corrupção de executivos das linhas aéreas de vários países o que lhe permitia vender os seus aviões. Entre os casos tornados públicos estão os casos da Sri Lankan Airlines, da Air Asia e de várias companhias aéreas do Gana, da Indonésia e de Taiwan.
Por exemplo no caso da Sri Lankan Airlines a Airbus contratou serviços de consultadoria da empresa da mulher de um dos executivos tendo-lhe pago mais de dois milhões de euros.
Este caso vem demonstrar: i) por um lado a força e a independência da Justiça destes três países que enfrentaram uma empresa estratégica para a União Europeia e a conseguiram disciplinar, ii) a importância da cooperação internacional quando se trata de grandes multinacionais.
E ao contrário do que alguns pensam e advogam este acordo que vem penalizar comportamentos corruptos e reduzir a probabilidade de casos futuros, reforça o posicionamento da empresa no mercado ao afastar as nuvens de alegações e rumores de práticas de concorrência desleal e corrupta. A empresa tem agora uma segunda oportunidade para atuar honestamente nos mercados internacionais.
Dos 3,6 mil milhões de Euros o Reino Unido recebe cerca de 1.000 milhões, a França 2,1 mil milhões e os Estados Unidos em redor dos 500 milhões.
Este acordo fecha o caso contra a empresa, mas poderão avançar processos judiciais contra os executivos da Airbus envolvidos nos crimes de corrupção. Prosseguem também as investigações a uma empresa do grupo Airbus, a GTP, acusada que pagar subornos no Reino Unido e na Arábia Saudita.
Note-se que a TAP, empresa privada com forte capital público, tem comprado ao longo dos anos aviões da Airbus. Este processo revelou práticas comerciais corruptas das Airbus pelo que seria, no mínimo, prudente investigar as compras da TAP. Para salvaguardar os interesses dos contribuintes portugueses.