Elisabete Maciel , Visão online

Como é possível que a plataforma de comunicações mais utilizada a nível mundial, Whatsapp, faça orelhas moucas ao aviso da existência de vulnerabilidades que permitem modificar as nossas conversas?

O Whatsapp, tendo surgido em 2009, atingiu um enorme e rápido sucesso o qual se deveu, segundo o seu cofundador  Jan Koum : “Concentramo-nos em melhorar o produto e tentar fazê-lo funcionar como uma agenda de contatos, o que contribuiu para que a aplicação se tornasse amplamente conhecida sem que fosse necessário gastar dinheiro para a promover. Além disso, o nosso objetivo foi garantir que as mensagens chegassem rapidamente, mesmo que a ligação fosse precária. E, finalmente, toda a gente que escreve algo quer que a outra pessoa leia e responda, qualquer que seja o lugar do planeta em que se encontre. A comunicação está no nosso DNA e o WhatsApp surge para conectar pessoas" .

Na realidade, o sucesso foi enorme: neste momento constata-se que mais de 1 500 milhões de pessoas utilizam o Whatsapp, existem mais de 100 milhões de grupos ativos e mais de 65 000 milhões de mensagens são enviadas diariamente . Mantém-se fiel à sua génese não apresentando qualquer tipo de anúncios o que, sem dúvida, contribui para aumentar a satisfação junto dos utilizadores. Em 2014 foi adquirido pelo Facebook.

No entanto, não há bela sem senão: na conferência anual  Black Hat, realizada no passado mês de agosto, a qual tem por temática central a discussão de questões relacionadas com a  segurança, foram apresentadas diversas falhas  graves de segurança no Wathsapp, as quais permitem que sejam intercetadas e alteradas mensagens enviadas, quer sejam particulares (privadas) quer sejam de grupo (públicas).

Estamos perante uma situação em que é possível difundir informações falsas que, supostamente, são tidas como tendo origem em fontes confiáveis: é possível criar novas mensagens em nome de outra pessoa em vez de mostrar como responsável o verdadeiro remetente, modificar o conteúdo de mensagens privadas, e ainda, enviar a alguém uma mensagem pública como se esta fosse privada.

Mais grave é constatar que estas falhas de segurança já tinham sido identificadas em 2018 e comunicadas ao Facebook. Até à data, só uma foi corrigida.

Sendo assim, é perfeitamente possível que alguém pense que está a trocar mensagens com um amigo mas, na realidade, está a receber mensagens de um  cibercriminoso. Entre os especialistas há quem acredite que estas falhas possam ser mais um veículo utilizado para difundir as fake news tão vulgarizadas nos dias de hoje. Será?