Jorge Fonseca de Almeida, Jornal de Negócios

A grande corrupção, como os maiores escândalos o confirmam, é hoje um fenómeno essencialmente ligado às gigantescas empresas multinacionais que a usam em larga para subverter as regras de mercado e obter vantagens ilegítimas.
 

A MercoPress informou este mês que o FBI está a investigar várias multinacionais norte-americanas e europeias da área da saúde, nomeadamente a Johnson & Johnson, a Siemens AG, a General Electric Co e a Philips, suspeitas de montar um esquema de corrupção no Brasil.

O objetivo destas companhias era o de vender os seus produtos a preços inflacionados aos vários governos estaduais brasileiros, pagando para isso "luvas" aos responsáveis políticos.

Entre os produtos em causa estão entre outros máquinas de ressonância magnética, próteses e aparelhos de raio X. Tudo equipamentos indispensáveis na medicina moderna.

Suspeita-se que atuando em cartel cerca de 20 empresas, incluindo estas gigantes internacionais, dominavam o mercado público brasileiro, obtendo lucros elevados provenientes de vendas muito acima dos preços normais.

A Reuters dando notícia do caso esclarece que estas empresas podem ser condenadas nos Estados Unidos, onde desde 1977 a Lei proíbe às empresas cotadas nas suas bolsas a prática de subornos a responsáveis políticos estrangeiros a troco de vantagens comerciais.

Num momento em que o Governo procura controlar os custos com a saúde em Portugal seria avisado seguir este caso e procurar averiguar os preços a que estes equipamentos têm sido adquiridos em Portugal e, se necessário, colaborar com as autoridades judiciais americanas para erradicar praticas semelhantes às que estão a ser investigadas no Brasil.

A grande corrupção, como os maiores escândalos o confirmam, é hoje um fenómeno essencialmente ligado às gigantescas empresas multinacionais que a usam em larga para subverter as regras de mercado e obter vantagens ilegítimas.

Economista