Tiago Marcos, Jornal i

A implementação da internet foi de tal modo disruptiva que grande parte da população rapidamente passou a estar dependente dos serviços disponibilizados online, sem ter noção dos inerentes riscos ou dos cuidados preventivos que devem ser adotados.

A internet é hoje uma realidade tão intrínseca ao nosso estilo de vida que nem imaginamos como seria a nossa vida se não existisse. Na verdade, quase sem nos apercebermos, a internet foi de tal modo disruptiva que grande parte da população ficou rapidamente dependente dos serviços disponibilizados online para realizar tarefas tão distintas como comunicar, ler e visualizar conteúdos, fazer compras, fazer negócios, ou mesmo socializar.

Esta dependência está interligada com as oportunidades associadas à facilidade e acessibilidade de utilização da internet, bem como ao facto de virtualmente não existirem fronteiras físicas ou limites à sua evolução, o que são características naturalmente valorizadas pela população.

No entanto, será que o comum utilizador da internet tem noção dos riscos associados a estas características, inerentes à difícil regulamentação de uma realidade transfronteiriça tão disruptiva e em constante evolução? Na verdade, tal como exemplificado pelas frequentes notícias relacionadas com a ocorrência de fraude online, o comum utilizador da internet aparenta não ter noção destes riscos (ou dos cuidados a ter para os evitar). Assim, importa realçar que depende de cada um de nós adotar um comportamento preventivo e que inclua, por exemplo, os seguintes cuidados:

• Proteger dados pessoais e/ ou confidenciais: Atualmente, a informação é o bem mais valioso, sendo frequentemente adquirida e transmitida ilegalmente, seja para fins comerciais ou para fins alegadamente filantrópicos. Assim, é aconselhável que não sejam divulgados dados pessoais desnecessários, principalmente nas redes sociais, uma vez que não será possível restringir a sua utilização. Em especial, nunca divulgue as suas passwords, procurando ainda que a sua definição não seja óbvia!

Importa ainda referir que é um comportamento especialmente arriscado divulgar dados de contas ou de cartões bancários, incluindo em links recebidos por email ou identificados em motores de busca, atendendo a que o seu banco nunca lhe pede a totalidade dos seus dados identificativos ou das suas credenciais.

• Conhecer as entidades com que se relaciona: Uma vez que a internet não tem fronteiras, é muito fácil nos relacionarmos com pessoas e empresas localizadas em qualquer parte do mundo, dificultando a nossa capacidade em verificar a sua credibilidade e idoneidade.

Neste sentido, no que respeita a entidades a quem vai comprar bens ou serviços, é aconselhável que procure obter testemunhos credíveis de clientes dessas entidades e que faça uma simples procura num motor de busca para verificar a existência de informações menos positivas, avaliando a realização de qualquer encomenda ou pagamento, especialmente antes de introduzir os dados de cartões bancários.

No que respeita à introdução dos dados de cartões bancários, importa ainda que verifique se as entidades têm implementados mecanismos de segurança, tal como a tecnologia 3D-Secure, atendendo a que, na eventualidade de ocorrer uma fraude, a introdução destes dados em páginas inseguras pode ser considerada negligência por parte dos clientes bancários.

• Não utilize endereços desconhecidos: Vários esquemas de fraude dependem da utilização de um endereço comprometido, razão porque deve evitar clicar em links que desconhece ou em janelas que lhe surjam sem ter dado tal instrução. Muitas vezes, estes esquemas nem dependem da introdução de dados, uma vez que podem instalar software comprometido no seu dispositivo que pode, inclusive, estar programado para obter os dados que introduzir noutras páginas ou mantiver no seu computador.

Para facilitar a sua utilização, procure apenas introduzir dados em páginas cujo endereço comece por https, já que as respetivas comunicações são protegidas.

• Não abra comunicações de remetentes desconhecidos: Existem ainda esquemas de fraude que dependem da abertura de um email, mensagem ou ficheiro que lhe são enviados por uma pessoa que não conhece ou não consegue identificar, razão porque deve evitar abrir qualquer comunicação enviada por um remetente desconhecido.

De igual forma, evite abrir comunicações de remetentes aparentemente similares aos de pessoas que conhece, mas com uma diferença quase indistinta no endereço de email, sendo que, nestes casos, as mensagens enviadas geralmente não apresentam um texto fluido ou em linguagem correta, o que ajuda na sua identificação.

Estes são exemplos de vários cuidados que pode ter na sua navegação online, sendo fácil a identificação de outras dicas online. Ainda assim, é natural que os referidos cuidados não o protejam de todos os riscos da internet, sendo um princípio para estar um pouco mais protegido, tal como a sua família e a sua empresa. Este é um dos casos em que um comportamento preventivo lhe pode poupar muitas dores de cabeça e custos financeiros.

Em suma, face às discussões mantidas nos últimos tempos, deixo a questão… não será necessária mais legislação que regule a utilização e os conteúdos presentes na internet?