Gabriel Magalhães, Jornal i

Foram várias as apresentações e painéis de debate sobre o futuro e os desafios da função e profissão de auditoria interna, sobretudo na vertente das tecnologias de informação, robótica, audit analytics & audit analisys, e ainda o seu papel relativamente ao combate à fraude, à promoção da ética nas organizações e à regulamentação na atividade económica

No passado dia 15 de novembro teve lugar a conferência anual de auditoria interna em Lisboa. Na sua 25ª edição, a conferência foi uma vez mais organizada pelo Instituto Português de Auditoria Interna (IPAI), uma entidade profissional sem fins lucrativos, criada em 1992, que representa a profissão de auditor interno e promove a associação, formação e certificação de todos os profissionais e estudiosos de auditoria interna, nas organizações privadas ou públicas e também no agora chamado terceiro sector. O IPAI, presidido atualmente pela Professora Doutora Fátima Geada, é ainda a organização que representa em Portugal o Institute of Internal Auditors (IIA).

A conferência deste ano, na qual tive a honra de participar enquanto orador e moderador, foi subordinada ao tema Conecting the world through Inovation. Foram várias as apresentações e painéis de debate sobre o futuro e os desafios da função e profissão de auditoria interna, sobretudo na vertente das tecnologias de informação, robótica, audit analytics & audit analisys, e ainda o seu papel relativamente ao combate à fraude, à promoção da ética nas organizações e à regulamentação na atividade económica.

Foi também sublinhada a importância da missão contínua de reforço da profissão, em termos de independência e objetividade, e o seu posicionamento no seio das empresas e instituições, como garante para a melhoria da eficácia dos processos de gestão de risco, de controlo e governação, numa economia disruptiva caracterizada pela rotura com os padrões, modelos, organizações e tecnologias existentes e estabelecidas.

Estiveram presentes cerca de duas centenas participantes, nacionais e estrangeiros, de vários sectores da atividade económica e de um espectro alargado de profissões, o que vem confirmar a maior visibilidade e relevância do papel da auditoria interna no panorama económico. A nível institucional, e para além do IPAI, estiveram também representadas outras organizações, nomeadamente a European Confederation of Institutes of Internal Auditing (ECIIA), o Instituto Português de Corporate Finance (IPCG), a Information Systems Audit and Control (ISACA), o Global Compact Network Portugal, o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), o Instituto Superior Técnico (IST), o Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC) e a Coimbra Business School. Destaque ainda para as instituições privadas que contribuíram para a realização deste evento, como a PricewaterhouseCoopers (PWC), KPMG, Ernst & Young (EY), Deloitte, SRS Advogados Portugal e a Repsol Espanha, através dos seus oradores e participando em diversos painéis de debate.

No evento deste ano foi anunciada a celebração de um protocolo com a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), que vai estreitar a ligação entre as duas instituições mais importantes em Portugal na área da auditoria (interna e externa) através de um conjunto de parcerias e projetos conjuntos a nível institucional, mas também orientado para aos seus associados em várias áreas, como é por exemplo o caso da formação profissional.

Foi ainda divulgada a decisão da última Assembleia-Geral da ECIIA, realizada a 6 de outubro em Madrid, da qual resultou a escolha de Portugal para acolher em 2020 a conferência europeia de auditoria interna. Este será, sem dúvida, um enorme desafio para o IPAI, pois é expectável contar com cerca de 1000 participantes, não só europeus, mas também de outros continentes, sobretudo oriundos de países africanos de língua oficial portuguesa, Brasil e EUA. Este evento será uma excelente oportunidade para dar ainda mais visibilidade ao tema da auditoria interna (e externa) em Portugal, mas não só, pois temas como o combate ao fenómeno da fraude, os modelos de governação das sociedades, o papel da inovação e das tecnologias de Informação, bem como a vertente da ética, da conduta das organizações e a posição dos reguladores, serão certamente abordados e discutidos.

In memoriam de Mariana de Magalhães