Jorge Fonseca Almeida, Jornal i online
“Em Portugal mais de 90% dos inquiridos pensam estar a corrupção bem espalhada pelas instituições públicas”
Os países que mais condenam a corrupção são a Espanha, Portugal, a Itália, a França e o Luxemburgo. Curiosamente países normalmente indicados como aqueles em que a fraude e a corrupção mais grassam impunemente, em que os seus chefes de Estado e ministros mais vezes surgem nas primeiras páginas da imprensa internacional acusados de atos de corrupção.
Estes são também os países em que os cidadãos mais estão convencidos de que a corrupção é generalizada – em Portugal mais de 90% dos inquiridos pensam estar a corrupção bem espalhada pelas instituições públicas, e este indicador sobe para os 94% em Espanha e situa-se nos 89% em Itália e nos 67% em França. Em contrapartida nos países nórdicos a grande maioria da população acredita que as instituições estão isentas de corrupção – assim 74% dos finlandeses, 75% dos dinamarqueses ou 54% dos holandeses admite que a corrupção está ausente das decisões públicas.
Aparentemente quanto mais honestos os cidadãos, quanto mais prontos a condenar a fraude e a corrupção, mais se sentem rodeados por esta prática, mais a sua frustração cresce pela incapacidade do sistema judicial de por cobro a estas práticas.
E que instituições pensam os portugueses serem as mais corruptas? Os partidos políticos e os políticos (72% dos inquiridos identificaram-nos como as duas instituições mais corruptas) logo seguidos dos Bancos e instituições financeiras (63%). E que instituições consideram menos corruptas? O sistema educativo e o sistema de saúde. A polícia e as autoridades alfandegárias são também apontadas por 49% dos portugueses como corruptas.
Estes números mostram uma sociedade desconfiada dos seus corpos dirigentes e nas suas instituições, uma sociedade largamente convencida que os seus dirigentes não agem no melhor interesse da comunidade mas sim sob influência da corrupção.
São números preocupantes que a todos devem fazer refletir. Números que mostram uma realidade difícil, que retraem o investimento, que minam a coesão social, que mancham a reputação nacional no mundo, que deviam envergonhar os que assim são retratados.
É necessária uma grande estratégia nacional contra a fraude e a corrupção e não grande declarações e juras de que a classe política é honesta e impoluta. Não é que não possa ser verdade, é que ninguém no país e no estrangeiro acredita.