João Pedro Martins, Visão on line,
Não é preciso um sacerdote a empunhar uma cruz contra a testa de um político corrupto ou mentiroso. Basta que os eleitores percebam que os maus políticos são eleitos pelo bons cidadãos que ficam em casa no dia das eleições.
Basta de sermos excomungados dos nossos direitos por um bando de malfeitores gananciosos que assaltaram o poder e transformaram a nossa vida num inferno social e económico. Basta de ouvir promessas falsas e demagogias farisaicas. É tempo de defendermos os nossos direitos, a nossa família e a nossa carteira.
Eles pensam que nos rendemos. Que podem cuspir-nos na cara, roubarem-nos os empregos, cortarem-nos os salários e as reformas. Eles querem fazer de Portugal um gueto judaico. Querem incinerar-nos com a austeridade e enterrar-nos vivos com a ditadura dos juros especulativos. Querem eliminar os fracos e os doentes e explorar os que têm saúde num campo de concentração laboral.
Eles estão possuídos pelo nazismo financeiro. Tudo o que disserem. Tudo o que fizerem. Tudo o que nos obrigarem a fazer tem o propósito de exterminar a liberdade e enterrar a esperança dos portugueses.
Eles estão loucos e querem a nossa insanidade. Tudo o que Hitler não fez, eles farão. Cada empresa que fechar as portas, cada trabalhador que perder o emprego, cada homem e mulher que cair na desgraça e não tiver recursos para alimentar os seus filhos, terá o carimbo desta política devastadora que faz de cada pessoa um simples número sem rosto e perdido no meio das estatísticas da economia tsunami.
Só nos resta o exorcismo político. Cada voto conta e cada eleitor é um sacerdote que pode purificar a política e o país desta tralha demoníaca de governantes sem escrúpulos e que se propagam como um vírus letal.
Se não houver um único português honrado. Se na nossa terra não existir uma só alma que não tenha sido contaminada pela escumalha da corrupção. Se não encontrarmos um único cidadão honesto que tenha a coragem de avançar e enfrentar a legião dos troikanos e lhes mostrar que Portugal não é um tubo de ensaio para experiências económicas, nem um cemitério de contribuintes falidos. Se não formos competentes para encontrar uma alternativa política, seremos aniquilados pela incompetência de quem está no governo e de quem se prepara para governar, neste interminável ciclo de alternância partidária.
Já tivemos uma revolução com cravos. Já temos uma democracia que é uma fraude. Podemos ser poucos. Podemos até ser fracos. Mas o poder daqueles que votam é sempre superior ao poder dos poucos a quem damos o poder.
Cada cruz num boletim de voto é mais eficaz do que mil manifestações. Não basta gritar na rua. É preciso expulsar os demónios da política no confessionário das urnas.
Resta saber se é possível encontrar uma brecha nas barreiras partidárias que impedem o aparecimento de novos rostos descomprometidos com os jogos políticos e a troca de favores.
Os portugueses não aguentam mais, nem mais do mesmo.