Orlando Mascarenhas, Jornal de Notícias,

 

TERRORISMO. Construído com financiamento próprio, composto por membros das comunidades locais, um novo tipo de terrorismo, por alguns designado por “novo terrorismo”, passou a fazer parte do nosso dia-a-dia.

Caracteriza-se pela utilização de novas medidas táticas, onde sobressaem os ataques terroristas de baixo custo financeiro e ataques dirigidos contra aquilo que em termos de segurança vulgarmente se chama de “soft targets”, isto é, “alvos fáceis”, que não possuem muita segurança e que, comparativamente, são muito mais fáceis de atacar do que aqueles que possuem uma forte presença securitária.

No início da era moderna do terrorismo, anos 60 do séc XX, poucos eram os alvos com uma forte presença securitária, porém, ao longo das últimas décadas, muitos alvos foram aumentando os seus mecanismos de segurança e proteção contra os ataques terroristas, tais como as embaixadas, os edifícios governamentais e companhias aéreas.

Face a estas dinâmicas, os grupos terroristas também adaptaram as formas de proceder nos seus ataques e passaram a centrar a sua atenção nos “soft targets”, incluindo-se nesta dimensão, os hotéis, os restaurantes, as estações de transportes públicos, os locais de culto religioso, os espaços comerciais, os estádios e pavilhões de ocorrência de eventos desportivos, as praças públicas e mesmo simples artérias de uma qualquer localidade.

A decisão baseada no custo para a execução de um ataque terrorista, é mais uma escolha estratégica do que uma coerção imposta por mecanismos formais de controlo que potenciam o constrangimento ao acesso a fontes de financiamento.

As medidas de combate ao financiamento do terrorismo contra os ataques terroristas de custo mais baixo, complementadas com políticas de segurança que de alguma forma tornem os alvos mais difíceis de atingir, provocam um maior custo no ataque terrorista, limitando-o ou atrasando-o, o que permite à comunidade uma reação mais atempada e passível de salvar vidas.

Limitar a acessibilidade aos “alvos fáceis” é também responsabilidade dos cidadãos. Tal só se consegue com conhecimento e educação direcionada para estes fatores. Esta é uma das maiores falhas da política de segurança na União Europeia.

Alguém, em tempos já o referiu, “A segurança é sempre vista como sendo demasiada, até ao dia em que não é suficiente”. Já agora; Valia a pena pensar nisto.

Orlando Mascarenhas – Associado do OBEGEF – Observatório de Economia e Gestão de Fraude