Manuel Carlos Nogueira, Jornal de Notícias,
A corrupção começa em pequenos subornos e pode estender-se até à captura do estado como um todo.
Prevenir e combater a corrupção deve ser uma preocupação global e exige uma correta compreensão das realidades sociais, políticas e económicas, vistas numa perspetiva interdisciplinar e multidimensional.
A corrupção é consequência de um monitoramento fraco, pelo que os programas de anticorrupção, devem conter projetos baseados em noções bastante rígidas de transparência, responsabilização e conformidade.
É absolutamente necessário perceber de uma vez por todas que a corrupção gera vítimas, que são todos os cidadãos e, que os seus efeitos se refletem na instabilidade das instituições democráticas, no montante de impostos arrecadados e nos preços dos produtos e serviços. Estudos empíricos provam que esta age como um travão ao desenvolvimento, reprime o crescimento económico, inviabiliza a prosperidade e impede milhões de pessoas em todo o mundo de acederem ao mercado de trabalho.
Por vezes a corrupção está associada ao crime organizado, à economia informal, ao branqueamento de capitais, ao contrabando de migrantes, ao tráfico de seres humanos ou a outros ilícitos graves. Assume formas cada vez mais sofisticadas, pelo que se colocam cada vez mais, novos e exigentes desafios para todas as entidades que asseguram o estado de direito.
Governos, setor privado, comunicação social, organizações não-governamentais e cidadãos, devem unir esforços para combater este flagelo, mas apenas num amplo clima de transparência, de prestação de contas, de responsabilização e com empenho e participação de todos os atores da sociedade é que tal é possível. Todos nós temos um papel primordial no combate à corrupção, assumindo uma atitude de tolerância zero perante tal fenómeno, pois todos pagamos a fatura.
Não podemos esquecer que contra todas as expectativas, David com astúcia ganhou o combate contra o gigante guerreiro Golias. Mais tarde unificou as tribos de Israel, tendo-se tornado seu Rei e alcançou a prosperidade para essa nação. Por mais Golias e poderosos (neste caso corruptos) que existam à face da terra, podem também acabar por ser derrotados, para o bem de todos, alcançando-se assim uma melhor repartição da riqueza mundial. Para isso basta que apenas existam vontades para tal.
Manuel Carlos Nogueira – Associado do OBEGEF – Observatório de Economia e Gestão de Fraude