Filipe Pontes, Jornal i Online

 

A Auditoria em sentido lato tem um significado verdadeiramente abrangente, podendo ser classificada como: externa ou interna, duas realidades completamente destintas e distantes. Existem auditorias Financeiras, de Qualidade, de Certificação, entre muitas outras.

O ambiente de controlo no seu desenho perfeito apontava para que a conjugação de todas estas áreas de controlo confluísse numa espécie de equilíbrio total do qual resultasse um verdadeiro e perfeito ambiente de controlo. Isto é, uns a controlar por dentro, outros a controlar por fora e um forte modelo de sancionamento no seu conjunto iriam, segundo esta visão, proporcionar um ambiente suficientemente robusto de controlo. Infelizmente este mundo não existe!

Parte-se um conjunto de premissas: 1) A cobertura do perímetro de Auditoria ser total, 2) A independência face às administrações estar garantida, e 3) A aplicação do Sancionamento dissuasor de práticas continuadas com forte penalidades pecuniárias e de reputação. Ora como é sabido não pode ser dado adquirido que estas 3 premissas seja uma verdade absoluta ainda mais porque sobre todas elas assentas a existência de ambiente ético idílico e distante.

A perceção que provavelmente muitos têm é que Hard Controls resolveriam todos os problemas da sociedade: “um polícia por cada Português”, no entanto, esta visão é hoje abandonada segunda as melhores práticas. Apesar disto a imagem do Polícia associada ao auditor não desapareceu totalmente e hoje num ambiente económico especialmente desafiante é provável que seja novamente confundida numa visão mais oportunista.

Etimologicamente a palavra auditoria tem origem do Latim Audire (ouvir), característica primeira e fundamental no desempenho desta função. As novas exigências da função têm permitido nos últimos anos um alargamento de origens curriculares dos auditores cujas fontes académicas vão hoje muito para além das Finanças, da Contabilidade e da Gestão.

Será pois de concluir que serão hoje cada vez mais preponderantes a implementação de soft controls nos processos, nas empresas e nos sectores que a par de uma envolvente ética com padrões mais exigentes farão certamente coexistir um melhor ambiente de controlo. Existem pois novas ferramentas necessárias à função e para o exercício da profissão já não basta ser controlar é preciso sensibilizar, prevenir e dar o exemplo.

Nos últimos tempos a mediatização de algos casos, em especial no sector financeiro, tem apontado algumas responsabilidades para as empresas de auditoria externa e também para as fragilidades dos modelos de governos da auditoria interna. Existia instituída uma ideia de controlo “invisível” e quando se verificaram que existiam fragilidades desabou o muro de confiança.

Caberá pois a todos nós com o reforço dos valores morais, a intransigência ética e a denúncia e condenação do ilícito reforçar o ambiente controlo ajudando a função e consequentemente a sociedade.

Difícil sim, mas fica o desafio!