João Pedro Martins, Le Monde Diplomatique,
Publicado no jornal de Abril 2017 (Nº 126).
O caso recentemente divulgado das transferências para offshores, feitas a partir de Portugal, num valor próximo dos 10 mil milhões de euros, trouxeram para a discussão pública a possibilidade de estas operações lesarem o Estado em receitas fiscais. Mas, como mostra esta investigação do economista João Pedro Martins, mais do que eventuais perdas fiscais directas, o que está em causa é o sistema construído para garantir a opacidade de operações financeiras cujos custos acabam por ser suportados por todos os contribuintes, como aconteceu com o universo do Banco Espírito de Santo. As zonas francas facilitam essa opacidade. E os montantes envolvidos fazem os 10 mil milhões de euros parecer migalhas.