Henrique Santos, Visão on line,

- Que cambada. Mais um a juntar ao rol! Pensou.
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O João Pedro Ferreira era cunhado do Presidente da Câmara...

João Pedro Ferreira terminou o doutoramento em gestão autárquica em 2002, é gestor de profissão em diversas empresas, faz parte dos órgãos sociais de múltiplas instituições, em alguns casos como executivo, e ainda é consultor autárquico e formador em liderança e gestão públicas. Está inscrito como TOC (Técnico Oficial de Contas) desde 2004 e é ROC (Revisor Oficial de Contas) desde 2009.

Em 2011, a Câmara Municipal do concelho vizinho em que reside abriu concurso público para o recrutamento de um gestor municipal, com responsabilidades na monitorização da gestão global do município, com reporte direto ao Presidente da Câmara. Teria ainda funções no acompanhamento do Plano de Prevenção de Combate à Fraude e Corrupção. Tratava-se de um cargo que gozava de total autonomia face à Câmara Municipal e foi considerado um caso de boa prática nacional.

Em 2012 termina o processo de recrutamento. De entre 1.238 opositores ao concurso, o candidato selecionado iniciou de imediato funções. No fim do ano 2012, este gestor conclui pela excelência da gestão do executivo e do equilíbrio financeiro do município.

Em Setembro de 2013 o município muda de executivo, e logo em Dezembro do mesmo ano, o mesmo gestor (que gozava de autonomia) conclui que o município em causa ultrapassa todos os rácios de endividamento. Considerou mesmo que a autarquia estava tecnicamente falida!

Estamos em 2014, a autarquia ainda não fechou portas e os responsáveis políticos anteriores já se reformaram. O gestor que gozava de autonomia passou a assessor do novo Presidente e foi recrutado um novo gestor para o lugar deste. Tudo parece correr bem agora.

O João Pedro Ferreira era cunhado do Presidente da Câmara da altura, responsável pelo recrutamento.

O estimado leitor está sereno porque já imaginava isto. - Que cambada. Mais um a juntar ao rol! Pensou.

Pois é, o João Pedro Ferreira não concorreu ao concurso de admissão de gestor municipal. O João não concorreu, justamente por ser cunhado do Presidente da Câmara. O João voltou a não concorrer no novo concurso porque agora é cunhado do ex-Presidente da Câmara e atual líder da oposição. O João nunca concorrerá, disse-me, porque não está para se meter em politiquices.

- João, tu não existes. Disse-lhe.

- Pois não. Respondeu ele. E eu acreditei.