Jorge Fonseca de Almeida, Jornal i online

A corrupção leva à perda de oportunidades de negócio, contribui para a estagnação económica, significa atraso social

A Transparência Internacional divulgou já o índice de corrupção para o ano de 2022. Portugal manteve o 34º lugar nesta classificação, mantendo-se atrás da generalidade dos países da União Europeia, mas também de países latino-americanos como o Uruguai (14º), o Chile (27º), asiáticos como Singapura (5º), Hong Kong (12º), Butão (25º), do médio oriente como os Emiratos Árabes Unidos (27º), caribenhos como as Barbados (29º), as Bahamas (30º) e africanos como as Seychelles (23º).

Logo atrás de Portugal vem o Botswana empatado com Cabo Verde em 35º lugar.

Não é brilhante. É até humilhante. Continuamos sem conseguir combater a corrupção, sem implementar as medidas que poderiam melhorar a nossa classificação. As elites políticas e económicas portuguesas reforçam a sua imagem internacional como corruptas e incapazes de combater a fraude e a economia ilegal.

Estas classificações destas organizações internacionais circulam amplamente pelo mundo e moldam muitas decisões de investimento, de confiança, de oportunidades económicas. Quem quer localizar o seu investimento num país corrupto? Quem quer confiar em parceiros de negócios classificados como desonestos?

A corrupção leva à perda de oportunidades de negócio, contribui para a estagnação económica, significa atraso social. É esta imagem que também justifica a caminhada do nosso país para a cauda da Europa, caminhada que em 2022 se agravou com a queda de mais dois lugares na classificação europeia.

E, no entanto, os governantes nada fazem para eliminar o fenómeno antes parecem apostados a para ele contribuírem pela sua inação. Esquecem-se que os nossos parceiros internacionais estão atentos ao que se passa, leem as classificações internacionais, seguem a crescente inação dos responsáveis e retiram as suas conclusões.

Na última década o investimento em Portugal foi muito baixo. O Estado endividado não o podia fazer, as empresas portuguesas descapitalizadas também não o conseguiam, mas os investidores estrangeiros poderiam ter suprido em parte esse deficit de investimento nacional. Não o fizeram. Preferiram outras paragens.  Porquê? Porque hoje o capital internacional prefere a segurança e o baixo risco. A elevada corrupção introduz um fator de risco que muitos não estão dispostos a correr.

Veja-se o caso da TAP. Quem quererá ficar com ela? Com todos os casos que a envolvem, a começar pela nublosa que foi a sua anterior privatização e a terminar no despedimento da atual CEO. Quem está disponível para ver o seu nome envolvido nos casos que, com certeza, se seguirão? Que preço vão exigir por esse risco?