Jorge Fonseca de Almeida, Dinheiro Vivo

Uma das causas principais do atraso português encontra-se na atitude conservadora da nossa classe empresarial, na sua dificuldade em investir, na sua incapacidade de criar empresas independentes, grandes e sustentáveis, na sua apropriação completa do controlo das políticas públicas, na sua total dependência dos fundos públicos europeus.

Portugal não tem empresas industriais fortes, tem algumas médias empresas, mas não tem verdadeiras multinacionais com presença europeia ou mundial.

Grande parte das suas empresas industriais são fornecedoras de produtos intermédios para empresas multinacionais (componentes de automóveis, artigos têxteis depois vendidos com marcas internacionais, etc.). São empresas cuja importância estratégica é pequena, cujo valor acrescentado é diminuto, e que podem a qualquer momento ser substituídas por outras localizadas em geografias diferentes.

Essa posição subalterna não está inscrita nas estrelas, mas releva antes da profunda incapacidade de investir, crescer e desenvolver negócios verdadeiramente independentes, multinacionais e competitivos.