Mas mesmo para esta situação subalterna as empresas portuguesas precisam de volumes elevados de fundos públicos europeus. Sem eles estagnam e afundam-se. Para nadar nos mercados precisam de boias sucessivas. É, absolutamente insustentável. Porque haviam os povos europeus aceitar financiar indefinidamente empresários falidos e improdutivos?
Para garantir esses financiamentos as empresas portuguesas exercem um apertado controlo sobre as políticas públicas, garantindo que não há dinheiro para a educação mas que não falte para a TAP, os bancos privados, as construtoras, etc.; que não haja dinheiro para a saúde mas que não escasseie para a construção de estádios, de centros culturais, de autoestradas, pontes que depois serão demolidos sem ser usados.
Exercem também um asfixiante controlo sobre as políticas salariais, garantindo que os sindicatos possam ser banidos das empresas, que as suas lutas possam ser vilipendiadas, que as decisões dos tribunais não sejam respeitadas sendo sucessivamente alvo de recurso e, com tudo isso, que os trabalhadores portugueses tenham já salários de nível latino-americano e dos mais baixos da Europa. Muitos vivem em bairros de lata ou de autoconstrução sem as menores condições.
Naturalmente perante esta degradação das condições de trabalho, os portugueses manietados no seu país, emigram às dezenas de milhar todos os anos.
Quem pretende fazer uma greve por melhores condições de vida, para ser enxovalhado, arriscar a ser despedido e, se tiver sorte, obter um aumento abaixo da inflação, se, em alternativa, atravessando a fronteira duplica ou triplica o seu ordenado? Não surpreende que muitos prefiram emigrar.
A falta de voz nas questões laborais está a levar os trabalhadores portugueses a desistir do país, a empurra-los para a emigração, para o estrangeiro.
E a troco de quê estamos a proteger estas empresas improdutivas e incompetentes? A troco do empobrecimento do país, do aumento da corrupção, da cada vez maior subordinação da economia portuguesa aos interesses estrangeiros.
Dir-se-ia é o que temos. Mas não é. Demos voz e poder aos portugueses que trabalham, aos sindicatos, e veremos que as empresas terão de encontrar outra forma de viver que não o facilitismo dos salários baixos e dos subsídios públicos europeus. Teriam que trabalhar para ganhar a vida. Muitas não resistiriam? Sem dúvida. Mas também não fazem cá falta.