Jorge Fonseca de Almeida, Dinheiro Vivo (JN / DN)

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O plano quinquenal chinês para os anos de 2021 a 2025 foi aprovado pelo Plenário do Comité Central do Partido Comunista Chinês abrindo caminho para a sua aprovação no Parlamento. A maioria dos objetivos do último plano quinquenal foram atingidos: a China continuou a cresceu, erradicou a pobreza dos últimos 50 milhões de habitantes que ainda nela viviam nas áreas rurais, criou 60 milhões de novos empregos e consolidou o maior sistema de segurança social do mundo, garantindo cuidados de saúde a 1,3 mil milhões de pessoas e pensões de velhice aos idosos.

A estratégia de crescimento adotada para os próximos cinco apos repousa no princípio da "Dupla Dinâmica de Crescimento", isto é o mercado interno e o mercado externo.

Também foram definidos os objetivos para 2035 a meta intermédia para o ano 2050 em que a China pretende tornar-se uma sociedade socialista totalmente moderna e uma grande potência mundial nos domínios da ciência, da tecnologia e da defesa.

Entre os objetivos para os próximos cinco anos temos a construção de um moderno sistema industrial, o investimento e desenvolvimento da agricultura, a extensão de um novo tipo de urbanização e continuar aumentar o nível de vida das populações. No final destes cinco anos a China pretende atingir o PIB per capita dos países moderadamente desenvolvidos. Tal pressupõe um forte crescimento económico, baseado num grande investimento interno e externo e no aumento das exportações e importações.

A expansão da economia chinesa e do seu enorme mercado de mais de 1,3 mil milhões de pessoas é uma enorme oportunidade para Portugal. Abrem-se ainda maiores perspetivas de comércio bilateral entre os dois países que podem ajudar o nosso país a desenvolver-se. Mas para isso é preciso imaginação, conhecimento do mercado chinês, e uma ligação à nova Rota da Sede, cuja rede europeia termina em Madrid deixando o nosso país completamente de fora.

O ano passado realizou-se a segunda Exposição Internacional de Importação China (CIIE), uma enorme feira que acolheu mais de 3.800 empresas provenientes de 181 países para além de 7.000 empresas chinesas. Ao todo participaram na Exposição mais de meio milhão de pessoas. O Presidente Macron foi o orador da cerimónia inaugural da segunda Exposição realizada o ano passado. Centenas de novos produtos foram lançados durante a Exposição. Todos querem exportar para a China e esta precisa de importações.

Este ano a III a terceira CIIE que decorre em Xangai contou com o discurso do Presidente Ramaphosa da África do Sul na cerimónia inaugural. Muitos líderes europeus como Pedro Sanchez, Viktor Ornam, enviaram saudações e delegações. Pedro Sanchez referiu mesmo que a China é um mercado chave para a recuperação económica espanhola fortemente debilitada pela pandemia.

A presença portuguesa nesta feira infelizmente foi anémica. Apenas oito empresas participaram, a maioria dos ramos tradicionais da indústria têxtil e do calçado. E mesmo esta pequena presença teve caracter virtual, sem presença física de pessoas e produtos. A presença portuguesa foi organizada pelo ICBC - o Banco Industrial e Comercial da China. Sem esse apoio seria nula. O desinteresse português é totalmente incompreensível.

Em contrapartida as relações chino-espanholas têm vindo a reforçar-se com um acréscimo de exportações para a China de 28% nos últimos anos, nomeadamente de produtos agroalimentares, têxteis e da fileira do automóvel.

Portugal precisa de uma estratégia comercial para as relações com a China e de mobilizar a sua estrutura produtiva para aproveitar as oportunidades abertas pelo 14º Plano Quinquenal chinês.