Jorge Fonseca de Almeida , Visão online
Temos, pois, com os três pilares em máximos históricos, o palco ideal para um surto violento e opulento da corrupção e da fraude no nosso país. Este surto seria dramático para o nosso futuro. Desperdiçaríamos recursos escassos para desenvolver Portugal, reter as gerações ativas, modernizar as infraestruturas essenciais, digitalizar as empresas, diminuir a pobreza e a injustiça social, renovar e alargar a habitação social, aumentar decisivamente a educação, incluir as minorias étnicas e fortalecer a coesão social.
A corrupção e a fraude assentam num tripé bem conhecido e estudado: pressão, oportunidade e justificação. A presente crise económica potência todos estes fatores tornando o país cada vez mais vulnerável a estas práticas criminosas. Sem medidas enérgicas os fundos europeus serão desbaratados e Portugal caminhará para a cauda da Europa, posição de que já não está muito distante.
O primeiro pilar da fraude e da corrupção é a Pressão, isto é a situação que empurra o criminoso para o seu ato. A redução drástica das encomendas e, consequentemente, das receitas está a colocar imensa pressão sobre as empresas de todos os setores para encontrar alternativas de financiamento. O desemprego e a miséria crescentes por outro lado estão a aumentar essa pressão do lado das famílias.
O segundo pilar da fraude e da corrupção é a Oportunidade. Sem oportunidade por mais pressão que exista a fraude e a corrupção não se podem concretizar. Os abundantes fundos europeus que estão a chegar da União Europeia constituem uma enorme oportunidade. São de grande volume e através de instrumentos novos em que os mecanismos de controlo ainda não foram testados.
Por último é necessário uma Justificação. Mesmo os criminosos têm necessidade de se justificar perante si próprios e perante a sociedade dos seus atos. As justificações parecem abundar já nos discursos de muitos responsáveis empresariais. Salvar os postos de trabalho, manter a economia a funcionar, aproveitar ao máximo os fundos disponíveis para Portugal, etc., etc..
Temos, pois, com os três pilares em máximos históricos, o palco ideal para um surto violento e opulento da corrupção e da fraude no nosso país. Este surto seria dramático para o nosso futuro. Desperdiçaríamos recursos escassos para desenvolver Portugal, reter as gerações ativas, modernizar as infraestruturas essenciais, digitalizar as empresas, diminuir a pobreza e a injustiça social, renovar e alargar a habitação social, aumentar decisivamente a educação, incluir as minorias étnicas e fortalecer a coesão social.
Na recuperação repousa uma oportunidade de um salto qualitativo. É preciso impedir que a fraude e a corrupção nos roubem o futuro.
(*) Economista, MBA