Jorge Fonseca de Almeida, Jornal de Negócios

Hotéis, estabelecimentos hoteleiros, companhias aéreas, fornecedores, bancos, obrigacionistas e outros parceiros da Thomas Cook arriscam-se a não ser pagos, o que poderá lançar uma crise no setor do turismo nos países mais expostos à Thomas Cook.
 

A Thomas Cook a gigante do turismo anglo-saxónico, um dos maiores operadores do mundo, entrou em colapso financeiro, podendo vir a ser intervencionada pelo governo inglês numa tentativa de salvar mais de 9.000 empregos no Reino Unido e garantir a situação dos 150.000 turistas britânicos que se encontram a passar férias um pouco por todo o mundo incluindo em Portugal.

Para já a Thomas Cook declarou falência depois de ter adiado o pagamento de várias séries de empréstimos obrigacionistas entrando assim em incumprimento.

O Reino Unido lançou já a maior operação de repatriação de nacionais jamais vista em tempos de paz para fazer regressar os 150.000 turistas em caso de colapso da Thomas Cook. Só na Grécia encontram-se 50.000 clientes da Thomas Cook. Em Portugal alguns milhares.

Hotéis, estabelecimentos hoteleiros, companhias aéreas, fornecedores, bancos, obrigacionistas e outros parceiros da Thomas Cook arriscam-se a não ser pagos, o que poderá lançar uma crise no setor do turismo nos países mais expostos à Thomas Cook.

Em vários países alguns hotéis não estão a deixar sair os turistas antes de serem pagos pela Thomas Cook, o que tem deixado estes viajantes à beira de um ataque de nervos uma vez que já pagaram as suas férias na sua terra natal.

A Thomas Cook, fundada em 1841, servindo dezenas de milhões de clientes anualmente, é um grupo turístico diversificado possuindo hotéis, uma companhia aérea, com 150 aviões (muito maior que a TAP), agências de turismo que canalizam milhões de turistas para um grande número de parceiros em todo o mundo. As suas vendas anuais ascendem a 9,6 mil milhões de libras.

Só em termos de hotelaria a Thomas Cook possui 8 marcas e mais de 200 hotéis espalhados em 47 países oferecendo um total de 38.000 quartos. Está entre as maiores operadoras hoteleiras do mundo.

Em Portugal para além das múltiplas parcerias possui 2 hotéis com a sua marca. Note-se que a Thomas Cook enquanto agente turístico canaliza todos os anos milhares de turistas ingleses e de outras nacionalidades para Portugal. Todas as marcações ficam agora comprometidas.

A Fosum, o acionista de referência do Millennium bcp, estava fortemente envolvida nos esforços de recapitalização da Thomas Cook e arrisca-se a sofrer pesadas perdas com a falência. O próprio Guang Chang Guo é o maior acionista da Thomas Cook possuindo 15% das ações da empresa.

Uma falência com sérias ondas de choque, mais ou menos violentas, a chegar a Portugal. A excessiva abertura ao exterior, a dependência de empresas estrangeiras é uma forte debilidade da economia portuguesa e do setor do turismo em particular. Que a lição seja aprendida.

Economista