Jorge Fonseca de Almeida, Jornal de Negócios
Aproximam-se as eleições legislativas. No mês que vem os portugueses vão eleger os deputados da Assembleia da República e determinar o futuro do país, desenhando as coligações possíveis.
Sendo a sociedade composta por diversos grupos, classes e minorias étnico-raciais todas com interesses diferentes e alguns até antagónicos, é importante que todos estejam representados e que uma larga maioria sociológica possa contribuir com as suas propostas para a governação do país. A exclusividade política de um só partido é sempre negativa na medida em que este representa apenas um grupo social restrito, ficando assim a maioria excluída da governação.
O último governo, com as suas múltiplas limitações, foi o melhor das últimas décadas. Tal só foi possível através da confluência de programas distintos (o do PS maioritariamente, mas também aspetos advindos dos programas do BE, do PCP e Verdes e por vezes mesmo do PAN).
O último governo do PS em maioria, o de José Sócrates, teve uma atuação bem diferente, conduzindo o país a uma crise sem precedentes e construindo, segundo o Ministério Público, uma rede de corrupção que se erguia até ao mais alto nível estatal.
Assim, sendo que cada português só tem um voto, todos devemos pensar na configuração final que queremos para a Assembleia da República e orientar o nosso voto nessa direção. Mesmo que tal pressuponha votar num partido diferente daquele em que normalmente votaríamos. Mesmo que tal implique votar de forma nova e diferente.
Por vezes muito que custe, devemos evitar a maioria absoluta do Partido que apoiamos e favorecer um maior equilíbrio político na Assembleia da República. Para que o partido nosso favorito governe melhor, com o contributo de outros que serão ignorados, esquecidos e ostracizados se em maioria absoluta.
Economista