Jorge Fonseca de Almeida, Jornal de Negócios
O aquecimento global e a poluição atmosférica e marítima provocam consequências desastrosas para a Humanidade, constituem um enorme desafio civilizacional que só pode ser vencido com a emergência de novas formas de energia baseadas em novas tecnologias. Tudo o resto não passa de paliativos que nem sequer atrasam o processo de aquecimento em curso.
Tanto a energia eólica como a solar são caras, imprevisíveis e obrigam à duplicação da capacidade para suprir as necessidades em caso e falta de vento ou de sol.
As centrais nucleares são baseadas num outra tecnologia a da fissão nuclear, divisão do núcleo do uranio, que produz materiais radioativos que têm um potencial poluente de prolongado e mortal alcance. Em suma: perigosas e caras. Não uma alternativa viável em larga escala. Os países que as construíram, como a Alemanha, estão a encerrá-las.
A grande alternativa capaz de substituir as energias fosseis de forma segura, limpa e barata é a fusão nuclear do deutério e do hélio-3. Contudo para ter a escala necessária para substituir as energias fosseis são necessárias quantidades de hélio-3 que não existem no nosso planeta.
Felizmente o hélio-3 abunda na superfície lunar. Dada a relação entre o peso desta matéria-prima e o valor da energia produzida torna-se já hoje economicamente atrativo trazer o hélio-3 da Lua.
Está aberta uma nova corrida ao ouro. Desta vez não rumo ao extremo oeste americano, ao único satélite da Terra. Americanos, Chineses, Russos já declararam a intenção de preparar missões para trazer hélio-3 para a Terra.
A agência espacial europeia assinou diversos contratos com empresas privadas no sentido de estudar e explorar o rególito (a camada superficial da Lua) que cobre a rocha lunar.
A Índia lançou este mês a sua missão espacial Chandrayaan-2. Se esta, tal como está previsto, alunar no dia 7 de Setembro próximo a Índia tornar-se-á o quarto país a chegar à Lua depois dos americanos, russos e chineses.
E Portugal? Seremos mesmo demasiado pequenos ou teremos apenas uma ambição demasiado pequena? Que papel queremos para o nosso país? O de simples espectador nesta saga da Humanidade rumo ao Espaço?
A recente criação, no papel, da Agência Espacial Portuguesa (Portugal Space) anunciada com pompa e circunstância não passa afinal de um mero polo da Agência Espacial Europeia. A entrega da liderança da Portugal Space a Chiara Manfletti uma italo-alemã é já prova da falta de peso do nosso país neste domínio.
Um passo tímido que, se não suportado por uma vontade, uma estratégia e pela correspondente alocação de fundos, não servirá para nada.
A verdade é que precisamos de uma estratégia para o Espaço. Para não perdermos mais uma vez o comboio do desenvolvimento e do futuro.
Economista