Carlos Pimenta, Dinheiro Vivo (JN / DN)
Fazer uma análise de risco de fraude exige conhecimentos sobre experiências passadas e modelos de análise e de actuação.
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As fraudes aviltam as relações éticas ou violam as leis vigentes, deterioram as relações sociais, económicas e políticas. Mais vale prevenir (as fraudes) que remediar (os estragos por elas causados). Mas as fraudes não são imediatamente visíveis, usam o engano e o fingimento, e podem existir anos, ou sempre, sem serem descobertas (ver https://obegef.pt/wordpress/?p=41760).
Para as prevenir é preciso todos nós estarmos atentos ao risco de fraude.
Estar preparado para o verificar e como a fraude se pode processar, exige que admita (quase) sempre a possibilidade de estar a ser enganado nos seus actos e bens e se coloque na posição do defraudador para antever as suas formas de actuação. Perante a análise a que proceder há que encontrar as formas de prevenção, de parar ou dificultar a acção do eventual defraudador, seja ele outro cidadão ou uma instituição, sozinho ou conluiado, podendo a fraude resultar do aproveitamento de uma oportunidade ocasional ou fruto duma actuação sistemática.
Alguns exemplos muito simples:
- Se participa num concurso em que o apuramento dos vencedores não é público e fiscalizado, se aproveita promoções sem previamente controlar os preços médios dos bens, provavelmente está perante um maior risco de fraude.
- Se na sua empresa não há uma boa relação da administração com os funcionários, se não há formas de controlo e actuações surpresa, se admite espontaneamente que as fraudes só acontecem ao vizinho o risco de fraude é grande.
- Se há uma grande densidade de conflitos de interesse (ex. relações de proximidade entre concorrentes e avaliadores) num concurso para uma adjudicação de uma obra há maior risco de fraude.
- Se no contexto social de referência há níveis elevados de fraude e uma baixa crítica a tais comportamentos ou menor probabilidade de ser capturado (ciclo vicioso) tende a aumentar significativamente o risco de fraude.
Não é um exercício fácil. Fazer uma análise de risco de fraude exige conhecimentos sobre experiências passadas e modelos de análise e de actuação. Contudo, mesmo que os não possua, se estiver atento e alertado poderá certamente evitar o desperdício de recursos e evitar dissabores.
Seja interveniente! O Observatório de Economia e Gestão de Fraude está disponível para ajudá-lo.