Nuno Moreira, Visão on line,

Entre janeiro e setembro deste ano, em média, cerca de 500 ações /mês deram entrada nos tribunais relacionados com processos de insolvência.
O ritmo é preocupante e já representa mais de 35% de acréscimo relativamente a período homólogo, no ano anterior. E, até à presente data, não é difícil adivinhar que os números estão a agravar ainda mais.
Sendo a conjuntura bem conhecida, nomeadamente, um clima de grande incerteza e uma forte instabilidade económica e social, estaremos condenados a esta inevitabilidade nas nossas empresas? Não, não nos podemos resignar….
Na gestão empresarial, a gestão efetiva e rigorosa dos diversos riscos com que uma organização poderá ser confrontada é central para assegurar a sua continuidade e sustentabilidade. Quanto maiores as dificuldades, a incerteza e a instabilidade, maior a necessidade de uma gestão do risco eficaz.
Nas organizações, os diversos “atores” empresariais têm que dar imperativamente um contributo acrescido, olhando o “risco” como algo que tem necessariamente de ser gerido.
Os Auditores Internos têm aqui um papel extremamente relevante na gestão dos diversos riscos empresariais, desde logo, atendendo ao paradigma para o qual evoluiu mais recentemente esta profissão.
No passado dia 17 de novembro, assisti a mais uma conferência anual do Instituto Português de Auditoria Interna, chapter em Portugal do The Institute of Internal Auditors, tendo sido o tema deste evento dedicado, precisamente, aos desafios da Auditoria Interna num mundo em “turbulência”. Foi mais uma excelente iniciativa, este ano, privilegiando uma vertente de sensibilização desta profissão para os desafios que estão aí e que são, para estar na moda, “colossais”.
Como referiu logo no início a Presidente deste Instituto “acentuaram-se os riscos de espiral descendente”…..” Toda esta envolvente, resulta num escrutínio mais atento das atuações no seio das empresas e organizações, exigindo uma cada vez maior atenção por parte dos organismos de supervisão e naturalmente também de um reforço do papel desempenhado pela própria Auditoria Interna.”
As maiores consultoras internacionais presentes neste evento (Big Four), também destacaram a gestão de risco empresarial (Enterprise Risk Management) como uma prioridade.
E quanto mais relevante e premente for a gestão de risco nas organizações, mais preponderante deverá ser a atuação dos Auditores Internos.
Mas não pensemos que a gestão de risco é um privilégio de empresas ou organizações que tenham um departamento de auditoria interna ou de gestão de risco; ou que, apenas empresas com este tipo de estrutura interna, o conseguirão concretizar.
Consciente da nossa realidade de PME´s, em que grande parte destas empresas não tem uma função de auditoria interna autonomizada, alguém, tem de assumir esta responsabilidade e sempre, preferencialmente, ao mais alto nível.
Por exemplo, se a empresa tem dimensão para ter um Diretor Financeiro, este pode auxiliar a gestão de topo na implementação de sistemas de controlo e gestão de risco. Ou, se uma determinada empresa já integra na sua estrutura um Diretor Financeiro e um Diretor de Controlo de Gestão, já terá mais facilidade em dedicar um deles (Controlo de Gestão) apenas à monitorização sistemática do processo de gestão de risco. Aliás é esta a tendência das diversas funções empresariais, terem sempre os seus alicerces /base na gestão de risco.
Ou seja, a gestão de topo das nossas empresas terão sempre de encontrar internamente quem os poderá ajudar na gestão e mitigação dos diferentes riscos a que possam estar expostos. Se concluírem que não possuem essas competências nem o conseguem concretizar internamente, então avancem para formação e/ou consultoria (externa) sendo que, esta última, poderá ser transitória até que consigam uma transferência adequada do conhecimento necessário.
E, desde que com bom senso, os encargos suportados na área da gestão de risco terão sempre retorno, nunca deverão ser entendidos como mais uma despesa!
Quanto mais não seja, fugir com sucesso às estatísticas referidas logo no início deste artigo e assegurar a sustentabilidade das nossas empresas, é certamente um bom exemplo de retorno.