Henrique Santos, Visão on line,
Não, não responda já.
Minimize a imagem do seu computador, inicie uma nova sessão na internet com um qualquer browser, escolha o seu motor de busca preferido, coloque a palavra "fraude" e faça enter.
O quê? Continua a ler este texto? Pronto, já que aqui está eu posso confirmar-lhe que a palavra "fraude" tem cerca de 17.400.000 entradas num qualquer motor de busca, sim, dezassete milhões e quatrocentas mil entradas. É muito? Eu sei que nem sempre o termo é bem empregue, mas, mesmo assim, não é muito? Não creio, eu consigo melhor, a mesma palavra, mas submetida a pesquisa no idioma inglês, chega a cerca de 101.000.000 (cento e um milhões de entradas), e talvez quando fizer a sua pesquisa já a encontre mais vezes. Mas acredite, as consequências do seu cometimento traduzida em qualquer moeda (para não falar em vertentes diferenciadas) é exponencialmente maior, e nem é preciso exemplificar dado o conjunto dos recentes acontecimentos.
Ainda aqui está? Parece-me que o desassossego lhe invadiu o espírito.
E como contínua a ler, vou continuar a ousadia de o(a) inquietar: Gostava de viver num país sem fraude? Melhor, coloquemos a mesma questão a qualquer político, a qualquer polícia, juiz, empresa ou cidadão na hora de pagar ao Estado ou mesmo a qualquer pessoa independentemente da sua profissão, qualificação escolar, género, religião, idade,... Bem, de facto não sou capaz de ouvir a resposta destes últimos (pelo menos neste momento), por isso volto a perguntar-lhe (pois sei que responderá intimamente): "gostava de viver num país sem fraude"? Não vale mentir a si próprio(a).
Das duas uma: Se respondeu "não", é porque reconhece a fraude como algo atraente e será um(a) possível perpetrador(a) da mesma (que outra razão teria?); se respondeu "sim", ou está a ser politicamente correcto(a), ou está a ser demasiado(a) ególatra. Então e os outros? Não falo nos perpetradores, falo dos juízes, dos funcionários dos tribunais, dos advogados, dos jornalistas, dos professores, dos polícias, dos investigadores, dos consumidores, dos empresários, dos auditores, de tantas e tantas outras pessoas e profissões que vivem em torno desta máquina de (des)fazer dinheiro (ou de o fazer mudar de mãos).
Boas notícias: há tanto sobre que escrever, tanto sobre que editar, decidir, publicar, investigar, auditar, mas tanto, que pode ser egocêntrico(a) à vontade!
Não tenho dúvidas que o primeiro passo para o controlo da fraude e para o seu correcto doseamento (se me permitem colocar nestes termos), passa pela implementação de medidas com vista à sua progressiva diminuição, é aliás a lógica evolutiva que vamos assistindo ao longo dos tempos. Não a podemos, pura e simplesmente, afastar. Tenho para mim que esse afastamento abrupto seria um dos piores erros que podíamos cometer, pela plena consciência que esta realidade da fraude é tão evolutiva quanto a vida em sociedade, os valores, as convicções e as gerações. No entanto, é expectável, ou pelo menos eu assim espero, que todos contribuam para que a evolução do combate à fraude denuncie uma relativa maior velocidade face à lógica evolutiva da sociedade!
Em sede de saldo, também eu tenho a certeza que nunca vou viver num país sem fraude, … ou vou?