Ricardo Passos, Visão on line,
Faz tempo que me passou pelas mãos um estudo que se debruçava sobre o estado de desenvolvimento económico dos países europeus no início do século XX (sim, era referente ao passado século) onde naturalmente se verificava que Portugal estava nos lugares da cauda. Mas o que me chamou a atenção foi que o estudo identificava um único factor como sendo crucial para o desenvolvimento económico a prazo e esse factor era a Educação.
Portugal desde o 25 de Abril tem tido uma evolução notável na Educação. A percentagem de licenciados e doutorados tem crescido sistematicamente nos últimos anos e todos nós nos congratulamos e com isso. O caminho é esse.
É claro que a situação económica do país tem levado nos anos recentes a que muitos dos que andámos a formar tenham emigrado e estejam agora a criar riqueza para a França ou para a Alemanha mas quero crer que será conjuntural. Essa mesma situação económica tem levado a cortes generalizados de orçamento público, em particular na área da Educação. Admito não ter toda a informação sobre o assunto mas, no entanto, há uma coisa que eu sei: as políticas devem ser explicadas, justificadas, equitativas e coerentes.
Neste contexto e tendo em conta que o dinheiro do estado provém dos impostos de todos os portugueses, custa-me a entender porque é que a FCT (Fundação da Ciência e Tecnologia) corta nas bolsas de estudo dos estudantes portugueses de doutoramentos e estudos posteriores e se continua a financiar bolsas de estudo a coreanos, chineses, bósnios, sérvios, croatas, indianos, e outros, que depois ou voltam ao seu país ou vão trabalhar, por exemplo, para o E.U.A. ou para a Alemanha. A menos que alguém me explique com verdade, não consigo identificar qual é valor para o nosso país financiar este tipo de situações.
Em Portugal existem protocolos de cooperação entre Universidades estrangeiras conceituadas como a CMU (Carnegie Mellon University), o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e outras. Seria perfeitamente justificável por permitir o acesso dos nossos melhores alunos a uma experiência nas melhores universidades americanas. Mas a prática não é isso: existem alunos de outros países a receberem bolsas pagas por nós para estadias de 6 meses ou 1 ano em Portugal, seguida da continuação dos estudos nessas universidades. Até lhes é informado que não é preciso saber falar português… http://www.cmuportugal.org/tiercontent.aspx?id=546
Em resumo, eu compreendo que numa situação de crise se tenha de limitar as despesas, esperando-se que seja de forma lúcida. Custa ver cortes na Educação, o factor fundamental de desenvolvimento de uma sociedade. Não consigo mesmo é entender que se cortem nos nossos próprios músculos e se deixe a gordura!