Jorge Fonseca de Almeida, Jornal de Negócios
Está a ser julgado a antiga glória do futebol alemão, um dos poucos na história do futebol que ganhou o campeonato mundial como jogador e como treinador, Franz Beckenbauer na qualidade de presidente do Comité organizador do Campeonato do Mundo de 2006. Ninguém está acima da Lei.
O mundo do futebol com as suas regras próprias, com os seus silêncios, com os contratos internacionais assinados em países ultra liberais, com as entidades (empresas, fundos e outros veículos), detentoras das ações da SAD e dos direitos dos jogadores, sediadas em offshores, com uma multitude de agentes, e intermediários comissionistas, com toda uma imensa circulação de dinheiro por paraísos fiscais, constitui-se como um campo em que medraram das mais feias e persistentes ervas daninhas da corrupção, da fraude e da concorrência desleal.
Em alguns países a justiça organiza-se para combater os fenómenos criminosos do submundo futebolista, noutros a corrupção reina impune mesmo quando as provas são públicas e claras – quem não se lembra das gravações associadas ao caso Apito Dourado?
Esta semana começaram na Suíça, os processos contra os principais responsáveis da poderosa Federação Alemã de Futebol acusados de usar a corrupção e a fraude para conseguirem os votos necessários para ganhar a organização em 2006 do Campeonato do Mundo de Futebol. Recordemos que a Alemanha venceu a votação para país organizador apenas por um voto, tendo a África do Sul ficado em segundo lugar.
No banco dos réus sentam-se Urs Lins o antigo secretário-geral da FIFA, os antigos presidentes da Federação Alemã de Futebol (DFB) Wolfgang Niersbach e Theo Zwanziger e ainda o antigo secretário-geral da DFB Horst R. Schmidt.
Num processo separado está a ser julgado a antiga glória do futebol alemão, um dos poucos na história do futebol que ganhou o campeonato mundial como jogador e como treinador, Franz Beckenbauer na qualidade de presidente do Comité organizador do Campeonato do Mundo de 2006. Ninguém está acima da Lei.
Na Alemanha os mesmos indivíduos estão acusados de crime de fraude fiscal.
Em causa está um saco-azul de quase 7 milhões de euros que oficialmente teria sido usado para pagar a cerimónia de abertura do Campeonato mas que suspeita a justiça teria servido para comprar votos.
Uma Justiça cega, que não olha a títulos nem a cargos, é importante para combater a corrupção e a fraude. Um processo a seguir pelas autoridades judiciais portuguesas. Para saber como organizar uma acusação sólida, bem fundamentada, condenar os prevaricadores: E não os deixar descansados sabendo de ante mão que nada nunca lhes acontecerá, como num país à beira-mar plantado.
Economista