Jorge Fonseca de Almeida, Jornal de Negócios

O famoso banco de investimento norte-americano Goldman Sachs, o único dos grandes que sobreviveu à crise de 2008, encontra-se agora no epicentro de um enorme escândalo financeiro de desvio fraudulento de fundos e de corrupção política no sudoeste asiático.

As suas ações registam perdas muito significativas, a sua quota de mercado na Ásia evaporou-se, os principais responsáveis a encontram-se a braços com a Justiça e o próprio banco alvo de vários pedidos de indemnização por diversas entidades incluindo o fundo soberano do Abu Dhabi que avançou a semana passada com uma ação judicial no Tribunal de Nova Iorque. O Banco reconheceu que está em risco de "multas significativas" por má conduta nos mercados financeiros. Um desastre.

As ações desceram mais de 40% relativamente a Março deste ano.

Tudo terá começado quando o Banco apoiou o lançamento, em 2012, de uma emissão obrigacionista do 1MDB (1Malaysia Development Berhad), o fundo soberano Malaio. O dinheiro destinado ao desenvolvimento do país acabou desviado para pagamentos de subornos a políticos e para uma miríade de outros fins que não os anunciados aos investidores.

O Goldman Sachs recebeu mais de 600 milhões de dólares pela sua participação neste engodo que prejudicou os investidores e os habitantes da Malásia.

Vários dirigentes do Goldman Sachs estão envolvidos no caso. Timothy Leissner, partner e responsável das operações do banco no Sudoeste asiático, imediatamente afastado no conflagrar deste escândalo, confessou o seu envolvimento nas operações de lavagem de dinheiro, na quebra das leis anti suborno e ter ajudado a desviar largas somas de dinheiro do fundo soberano malaio.

Aparentemente o homem por trás do esquema de desvio de dinheiro foi o jovem financeiro malaio, hoje fugido da Justiça, Jho Low próximo concelheiro e amigo pessoal do então primeiro-ministro Najib.

Najib foi preso em Julho último. Parte da sua fortuna apreendida pelas autoridade judiciais e enfrenta acusações de roubo de propriedade pública por parte da Autoridade Malaia Anticorrupção.

De acordo com os processos abertos em Nova Iorque ao todo o fundo soberano malaio foi roubado em 3.500 mil milhões de dólares. Entretanto o fundo sob o peso das dívidas faliu e teve de ser reestruturado.

O próprio Presidente do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, teve reuniões com Jho Low o que pode revelar um envolvimento mais substancial da instituição.

O Banco que conseguiu sobreviver a uma crise que abalou o mundo está em risco de soçobrar devido à conduta antiética de alguns dos seus dirigentes.

Esta é uma lição que as empresas portuguesas não precisam aprender à sua própria custa, basta atentarem nos prejuízos causados a grandes empresas multinacionais pelo comportamento não ético dos seus dirigentes. A fraude e a corrupção podem sair muito caras.

Pelo contrário a definição de regras éticas claras e o estabelecimento de controlos firmes e atuantes, podem ser a diferença entre a extinção e a sobrevivência.

Economista