José Leal, Jornal i
Estratégias que fazem os pequenos nadas das nossas experiências, e o aumento das fortunas dos grandes grupos que anseiam por ser ainda maiores
Sim. Num dos últimos dias do mês de julho encontrei um amigo … daqueles que não vemos há longos meses pela distração e alheamento no mergulho em que entramos no dia-a-dia da rotina e do quotidiano. Comentou dois episódios que viveu nos últimos tempos que parecem interessantes enquanto pequenos nadas que constituem indícios do que vai acontecendo sem que nos demos conta.
Numa das situações referiu que tendo um amigo próximo lhe solicitado um empréstimo de 1800€, acedeu ao pedido de ajuda do amigo, que necessitava de dinheiro em espécie. Deslocou-se ao seu banco de referência e ordenou o levantamento da soma que o amigo lhe pediu. O funcionário bancário informou-o que o levantamento em espécie teria uma despesa associada, enquanto despesa administrativa, no valor de 5,15€. A solidariedade sobrepondo-se, ainda, a questões como a exposta, essa não constituiu motivo para que obstasse à vontade de ser útil ao amigo. Levantou, pagou, e entregou em razão da amizade e da necessidade.
Em verdade, e na esteira de um movimento bancário, ordenado pelo proprietário por solidariedade, a entidade bancária acabou por lucrar com a entrega do dinheiro 5 vezes mais do que aquela soma renderia ao proprietário se a mantivesse durante 5 anos, quieta, segura, e ao dispor da entidade bancária. Sim, 5,15€ representam 0,27% do total da soma levantada, mas o total levantado apenas renderia ao ano 0,050% TANB ao proprietário do capital. Sim, 5 vezes menos que a soma que a entidade bancária lucrou num só momento. Que dizer, que não tenha já sido dito? Que refletir? Que concluir?
Outro episódio, referia-se aos concertos e festivais de verão. Como milhares de portugueses foi assistir a um dos muitos concertos da época estival. A logística destes eventos prevê o suprir de um conjunto de necessidades aos espetadores clientes, inclusivamente o mais básico – a alimentação. Até aqui tudo dentro da normalidade e da logística associada às necessidades da organização. A uma bifana ou a um prego cai sempre bem, para acompanhar e para quem gosta, uma bebida a copo. Pois, as bebidas, servidas a copo, implicavam a aquisição prévia do copo, de plástico, robusto, ao preço unitário de 1€. Até aqui nada de mais. Pagar o copo implica ter o cuidado de o poder reutilizar e assim poupar o ambiente, quer na contenção da proliferação de produtos em plástico, quer no volume de desperdícios sob a forma de lixo plástico. Apenas um senão, 1€, é apenas 1 €, mas não reembolsável. No final o copo não significava o reembolso do valor do suporte que noutros modelos assenta na gratuitidade, ou na inserção do seu custo no produto final. De repente, e sob a forma encapotada do principio assente na salvaguarda do ambiente, vislumbra-se o lucro. Um simples copo de plástico, 1€, que no final pode simplesmente ir para o chão ou para o lixo; mas 1€ é quanto a alguém embolsou, multiplicado milhares de vezes, sem que aos espetadores lhes fosse estimulada a possibilidade de recuperar o investimento em nome da preservação do ambiente, e assim perceber que o princípio da iniciativa assentaria, em verdade efundamentalmente na preservação do meio ambiente, e não na associação das ideias assentes na preservação ambiental e no lucro.
Enfim, estratégias que fazem os pequenos nadas das nossas experiências, e o aumento das fortunas dos grandes grupos que anseiam por ser ainda maiores, sob o princípio dos custos do servir e da pressão do ambiente.
Em suma, e agora mais a sério, boas férias, e divirtam-se.