Tiago Marcos, Jornal i online
Quanto mais elevados forem os padrões éticos de uma sociedade, ou mesmo dentro de uma organização, menor apetência à fraude terão os seus cidadãos, ou colaboradores, respetivamente.
O que é a ética? O que define uma conduta ética?
Apesar da aparência simples destas questões, são na verdade tão complexas como as respetivas respostas, que naturalmente terão de conter a palavra “depende”. E depende do quê? De fatores como a nacionalidade, o local de residência, ou as raízes culturais de um indivíduo.
Independentemente desta complexidade, pode-se considerar consensual definir ética como um conjunto de princípios, regras e comportamentos geralmente aceites numa sociedade como corretos e, cujo cumprimento, constitui uma conduta ética por parte de um indivíduo.
Não obstante, cada sociedade visualiza as questões da ética de uma forma diferente, senão vejamos: todas as sociedades encaram o cumprimento das obrigações fiscais da mesma forma? Naturalmente que não, conforme é visível pelos diferentes índices de fuga fiscal verificáveis em países geograficamente tão próximos como Portugal, Inglaterra, Suíça, ou Dinamarca.
Ainda assim, e mesmo quando possuímos uma compreensão razoável das definições de ética e de conduta ética, a sua aplicação é igualmente complexa. Para chegar a esta conclusão, basta questionar qualquer grupo de pessoas sobre se estes se consideram pessoas éticas, sendo que a resposta a esta questão naturalmente convergirá no sentido afirmativo. Então e se, de seguida, questionássemos o mesmo grupo de pessoas: i) se estariam dispostas a roubar para alimentar a própria família, ou ii) se ficariam com um milhão de Euros que encontrassem na rua? Julgo genericamente as respostas a estas questões também seriam consensualmente positivas…
Será que neste caso estamos perante uma contradição?
Independentemente da discussão que estes temas podem gerar, julgo ser claro que quanto mais elevados forem os padrões éticos de uma sociedade, ou mesmo dentro de uma organização, menor apetência à fraude terão os seus cidadãos, ou colaboradores, respetivamente.
Igualmente clara é a ideia de que o exemplo tem de “vir de cima”, sendo que, tanto numa sociedade (pelos governantes), como numa organização (pelos administradores/ gestores), existem mecanismos disponíveis para aplicar este princípio. Esta ideia aplica-se até nas nossas casas (pelos pais e avós), onde vemos os nossos filhos a copiarem os nossos gestos…
E que tipo de efeitos poderá ter uma generalizada conduta ética?
• Numa sociedade podemos identificar potenciais benefícios tais como: a diminuição da fraude fiscal ou na subsidiação social, a correspondente redução generalizada da carga fiscal e o aumento das taxas de empregabilidade, ou dos benefícios sociais, etc.
• Numa organização privada podemos verificar potenciais benefícios tais como: o aumento das receitas; a redução dos custos; o aumento dos salários; a redução das insolvências/ reestruturações e dos correspondentes despedimentos, etc.
• Então e em nossa casa? Podemos verificar uma melhoria da conduta económico-social de toda a família, reduzindo as possibilidades de futuros problemas financeiros ou sociais e, acima de tudo, melhorando as perspetivas futuras dos nossos filhos.
Por fim, resta uma pergunta… assumindo que todos concordamos na importância de uma generalizada conduta ética na sociedade, quem é o responsável pela sua promoção?
A resposta a esta questão é simples… todos nós.