Jorge Fonseca de Almeida, Dinheiro Vivo

 

 

A robótica moderna afasta-se das simples máquinas ferramentas do passado na medida em que agrega três grandes áreas do conhecimento humano cuja tecnologia tem vindo a dar enormes saltos nas últimas décadas: os sensores, o controlo mecânico de movimentos e a matemática por detrás da aprendizagem de máquinas (machine learning). Naturalmente que não é necessário que cada robot tenha estas três componentes. Existem muitos completamente digitais que não têm materialidade física.

Para trabalhos duros como, de levantar e transportar matérias pesados a Sarcos oferece o seu Guardian GT, um braço mecânico móvel, capaz de movimentos muito variados e de grande precisão, controlado à distância numa consola em que o operador efetua os movimentos que o robot reproduz. Muito usado na indústria e nos serviços de logística, para levantar objetos, soldar peças, reparar componentes e até pode ajudar em missões humanitárias para remover de forma controlada pedras ou casas derrubadas por tremor-de-terras.

A mesma empresa comercializa um exosqueleto, uma espécie de fato metálico, capaz de multiplicar por 20 a força do operador. Muito útil em indústrias como a construção civil, a construção naval, e nos transportes aéreos etc. Ao aumentar a força tem, obviamente, utilização militar.

Dois exemplos de como a produtividade pode ser ampliada com o uso de robots. Dois exemplos que nos indicam que a robotização é inevitável e que na próxima década assistiremos a uma corrida pela introdução destas máquinas em todas as esferas da atividade humana.

As grandes empresas de desenvolvimento, desenho e fabrico de robots, as que detém as tecnologias mais avançadas são americanas (Epson, Kawasaki, IGM, etc.), japonesas (Mitsubishi, Omron, Fanuc, Yaskawa, Yamaha, etc.) alemãs (B+M Surface Systems, Kuka, etc.), suíças (ABB, Staubli, etc.) e chinesas (Siasun, etc.). Mas outros países também estão a apostar no desenvolvimento, fabrico e comercialização de robots. A procura de robots cresce exponencialmente, as oportunidades são múltiplas e apetitosas.

Portugal não tem o conhecimento, nem a tecnologia nem a capacidade de fabricar robots em escala industrial. Por isso para a inevitável robotização da sua economia terá, tal como já o faz relativamente à digitalização e às telecomunicações, de importar tudo o que precisa. Quanto muito poderemos aspirar a que algum grande construtor queira colocar no nosso país o fabrico de alguns componentes que requeiram mão-de-obra barata ou isenção de impostos.

Eis como a falta de qualificação das elites e das populações, o baixo investimento na ciência, a ausência de análise prospetiva e a retirada do Estado da economia, nos deixa completamente de fora dos novos avanços tecnológicos que estão a moldar o futuro e nos cria mais um vinculo de dependência em relação a terceiros.